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Mensalão será 'festival de absolvições', diz advogado de Jefferson

Um "festival de absolvições". É assim que o advogado Luiz Corrêa Barbosa afirma que será o fim do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Ele defende o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que denunciou o suposto esquema de corrupção.
Segundo Barbosa, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não reuniu provas suficientes para acusar os réus e "joga o povo contra o STF".
"O povo quer sangue, e com razão, porque isso [mensalão] é um escândalo, uma vergonha. Só que não vai ter consequência porque o procurador-geral não fez o trabalho dele. Isso aqui não é um açougue, é o Supremo Tribunal Federal, e tem que ter prova para acusar uma pessoa. Será um festival de absolvições, e não há nenhuma dúvida de que a culpa é dele", afirmou.
O advogado também acusa o procurador de não ter incluído o ex-presidente Lula entre os réus do processo, apesar das evidências contra ele. De acordo com Barbosa, um decreto presidencial de Lula que autorizou bancos privados a darem crédito consignado beneficiou os bancos BMG e Rural, envolvidos no esquema do mensalão.
"A Caixa tem 2.289 agências. O BMG, ao tempo desse decreto, tinha 14. No período de um ano, o BMG fez cinco vezes mais negócios de crédito consignado do que a Caixa. Logo em seguida, deu empréstimos ao PT. Precisa mais?", perguntou.
Barbosa chama Gurgel de "zagueiro" de Lula. "Acho que o procurador não colocou isso na denúncia porque é um processo de brincadeirinha, para não pegar quem tem que pegar."
O advogado fez, nessa segunda-feira, um pedido para que o Supremo inclua o ex-presidente entre os réus do mensalão. Segundo ele, caso os ministros aceitem o pedido, Lula pode ser incluído diretamente no processo ou ser processado em separado.
Em pedido anterior do advogado para a Corte, o ministro Joaquim Barbosa ameaçou multar o defensor de Roberto Jefferson. Ele disse não temer eventual retaliação por causa do pedido de inclusão de Lula no processo.
"Não se intimida advogado, pode ser o meganha do interior do Brasil ou o ministro do Supremo. Temos o maior respeito pelos magistrados, mas não podemos abrir mão da sustentação das nossas posições, mesmo que isso possa parecer inadequadamente um atrevimento", afirmou o advogado.

Por Folha