'Se fosse o Collor, estaria preso, mas no Lula não pega', diz Jefferson
"Se fosse o Collor, estaria preso, mas no Lula não pega", comentou um abatido Roberto Jefferson, em seu apartamento, na Barra da Tijuca, no momento em que seu advogado no caso do mensalão, Luiz Francisco Barbosa, disse que o ex-presidente Lula deveria estar entre os réus.
Apesar da aparente contradição entre a versão que sustentou durante sete anos --a de que Lula era inocente--, Jefferson mantém o discurso de que, em sua opinião, o petista não tinha conhecimento do mensalão.
À Folha, que assistiu com ele a sessão de ontem do STF, o petebista reiterou diversas vezes que sentiu "surpresa'' de Lula quando o alertou sobre o mensalão.
Segundo ele, a acusação de que o ex-presidente beneficiou o BMG e o Rural representa a posição de seu advogado, fruto de desdobramentos das investigações.
Jefferson ficou sério e compenetrado para acompanhar o julgamento pela TV, ao lado de sua mulher, Ana, e de sua assessora de imprensa.
Pivô do escândalo ao denunciar o mensalão em duas entrevistas à Folha, "corrigia" Barbosa em questões tangentes ao partido. "Maurício Marinho não era do PTB, Barbosa!", afirmou, sobre o ex-diretor dos Correios flagrado em vídeo recebendo R$ 3.000 em propina.
Por diversas vezes, quando o advogado fazia breves pausas na fala para tossir, repetia: "Cigarro maldito!".
Recuperando-se de uma cirurgia realizada há 15 dias para a retirada de um câncer no pâncreas, o presidente do PTB riu quando Barbosa relembrou entrevista do ministro Marco Aurélio Mello em que chamou Lula de "safo''.
Ele se emocionou e chorou quando a defesa de Emerson Palmieiri, ex-tesoureiro do PTB, disse que o presidente da legenda preservou os nomes de quem recebeu R$ 4 milhões do PT. "Ia envolver pessoas, revelar nomes?"
Ao final, parecia satisfeito com a atuação de seu advogado, um gaúcho que destoa do estilo "almofadinha" dos demais defensores. "É muito maluco, muito corajoso..."
Por Folha