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Escuta da Polícia Federal flagra ministeriável do PMDB

O futuro ministro do Turismo, Pedro Novais (PMDB-MA), foi flagrado em escutas da Polícia Federal pedindo ao empresário Fernando Sarney que beneficiasse um aliado na Justiça Eleitoral.
Filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Fernando é investigado há três anos pela PF. As conversas interceptadas pela polícia mostram que ele foi procurado pelo futuro ministro por manter uma relação próxima com a tia, a desembargadora Nelma Sarney, à época corregedora do Tribunal Eleitoral do Maranhão.
Indicado ao Ministério do Turismo pela bancada do PMDB da Câmara, Novais, que diz não se recordar das conversas gravadas pela polícia, é alinhado politicamente aos Sarney no Maranhão.
O pedido ao empresário seria em favor do prefeito de Bacuri (MA). Ele enfrentava problemas com a Justiça Eleitoral por não ter participado da convenção que escolheu o candidato do PSB à prefeitura e, a seguir, fez a própria reunião para ser aclamado como representante do partido para disputar o cargo.
Em 14 de julho de 2008, uma hora depois da primeira tentativa frustrada de falar com Fernando Sarney, o deputado e futuro ministro ligou novamente, por meio do gabinete na Câmara, em Brasília. Na conversa, ele pede ao empresário que interceda junto à desembargadora Nelma para ajudar o prefeito.

OUTRO LADO

O deputado Pedro Novais rechaçou qualquer suspeita de ter praticado tráfico de influência: "Não faço isso".
Novais disse que não se recorda da conversa com Fernando Sarney nem do pedido. Disse que fala com ele "muito raramente".
Inicialmente, Novais disse não ter relação nenhuma com o PSB, partido do prefeito. Depois admitiu conhecer o prefeito Washington Oliveira. Ele negou ter usado sua condição de deputado e a proximidade com a família Sarney para favorecer o prefeito de sua base eleitoral.
Fernando Sarney disse que não iria se manifestar por se tratar de gravações "vazadas criminosamente".
A desembargadora Nelma Sarney afirmou que jamais participou "de qualquer ato configurado como tráfico de influência ou qualquer outro desvio de conduta". Reiterou que, apesar de relatora do caso, estava licenciada e não participou do julgamento.
Desde quarta (15), a Folha tenta, sem êxito, falar com o prefeito Washington Oliveira.
Por Folha