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Do Brasil, Obama ordena ataque dos EUA com mísseis contra as forças de Kadafi na Líbia

TRÍPOLI - Uma coalizão de cinco países - incluindo EUA, França, Reino Unido, Canadá e Itália - colocou em ação neste sábado a maior intervenção militar internacional no mundo árabe desde a invasão do Iraque, numa tentativa de frear a ofensiva das forças leais ao coronel Muamar Kadafi contra Benghazi, sede do movimento rebelde. Depois que líderes dessas regiões concordaram, numa reunião de emergência em Paris, em usar "todos os meios necessários, especialmente militares, para cumprir a decisão do Conselho de Segurança" - que deu luz verde à comunidade internacional para atacar a Líbia de forma a proteger civis - caças franceses e navios americanos e britânicos deram início à ofensiva, atacando alvos militares líbios.
A ação ocorreu horas depois que as forças de Kadafi iniciaram um ataque a Benghazi, reduto dos rebeldes contrários ao governo do ditador. De acordo com a TV estatal da Líbia, 48 pessoas morreram vítimas dos ataques. Kadafi prometeu defender seu país do que ele chamou de "agressão de cruzados" e alertou que o envolvimento de forças internacionais vai expor a região do Mediterrâneo e do Norte da África ao perigo em perigo e os civis, em risco.
Em entrevista a jornalistas americanos em Brasília, o presidente Barack Obama anunciou ter autorizado uma ação militar limitada contra a Líbia neste sábado, alegando que Muamar Kadafi continuou a bombardear seu próprio povo, o que não deixou alternativa para os EUA e seus parceiros.
Segundo o Pentágono, 112 mísseis Cruise - uma espécie de avião não tripulado com uma poderosa carga explosiva - foram lançados de navios e submarinos americanos e britânicos, atingindo 20 alvos. Os principais alvos são instalaçãoes de defesas aéreas do regime nos arredores de Trípoli e Misrata. Foram ouvidas poderosas explosões nas cercanias de Trípoli e , segundo a TV estatal líbia, os ataques foram realizados contra uma aérea residencial da capital, fazendo vítimas civis.
Barack Obama, no entanto, disse que a ação militar não era sua primeira opção.
- Não poderíamos ficar impassíveis enquanto um ditador diz a seu povo que não haverá compaixão.
O presidente americano, que iniciou neste sábado uma visita de cinco dias a países da América Latina, começando pelo Brasil, voltou a afirmar que não enviará forças terrestres à Líbia, embora admita que está "profundamente consciente" dos riscos de qualquer ação militar.
Mais cedo, Obama havia alertado que acomunidade internacional estava preparada para agir em caráter de urgência.
- Nosso consenso é forte e nossa resposta é clara. O povo da Líbia precisa ser protegido, e na ausência de um imediato fim da violência contra civis nossa coalizão está preparada para agir, e agir com urgência.
Na operação já batizada pelos americanos de "Odisséia ao Amanhecer" foram realizados quatro ataques franceses com aviões Mirage e Rafale, destruindo "diversos tanques e veículos millitares pesados do governo", segundo o Ministério da Defesa francês.
- Nós implementamos uma zona de exclusão aérea, que significa que sobre Benghazi aviões militares estão impedindo todos os voos de acordo com a resolução da ONU - disse o porta-voz do Ministério da Defesa da França, Laurent Teisseire.
O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, advertiu que a ação militar será mantida nos próximos dias, até que o ditador líbio ceda e "cumpra ao pé da letra a resolução da ONU". No meio da semana, a Otan deve assumir o comando da ofensiva. Em Paris, no entanto, a secretária de Estado, Hillary Clinton, fez questão de enfatizar que os EUA - já envolvidos em duas guerras intermináveis na região - não estão comandando a operação.
- Não lideramos isso. Não estamos engajados numa ação uniliateral, mas apoiamos as ações da comunidade internacional contra governos e líderes que se comoportam como Kadafi - afirmou Hillary, destacando que a participação de países árabes é fundamental.
Além de Hillary, da França e do Reino Unido, participaram da reunião no Palácio do Eliseu o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-moon, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mousse, a representantes do Qatar, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Jordânia Marrocos. Washington e Paris haviam insistido na presença de países árabes para contrariar acusações de que a ações era uma ofensiva "colonialista". Estavam presentes também o premier italiano, Silvo Berlusconi, o espanhol Jose Luiz Zapatero, e representantes da Alemanha, Dinamarca, Bélgica, Canadá, Grécia, Holanda e Polônia. Num gesto simbólico, nenhum país da União Africana compareceu à reunião, optando por se reunirem na Mauritânia para discutir uma solução pacífica ao problema.

 Por O Globo