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Kadafi aparece ao público em sua residência de Trípoli

O ditador líbio Muamar Kadafi fez nesta terça-feira à noite uma aparição em público em sua residência de Bab el-Aziziya, em Trípoli, que foi atingida no domingo por um míssil da coalizão, informou a televisão nacional líbia. Em uma breve declaração a seus seguidores, o ditador disse que "continuará lutando" e "sairá vitorioso" da guerra contra os rebeldes e as forças internacionais.
Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou à ABC News que pessoas próximas a Kadafi estão contatando aliados líbios no mundo todo para encontrar uma "saída". "Nós ouvimos que pessoas próximas a ele estão entrando em contato com outros que conhecem no mundo todo - da África, Oriente Médio, Europa, América do Norte -, perguntando 'o que faremos?' 'Como sairemos disso?'", disse Hillary.

Otan - Nessa terça-feira, a  França e os Estados Unidos chegaram a um acordo sobre a estrutura de comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em apoio às forças de coalizão na Líbia, informou, em um comunicado, a assessoria do presidente francês, Nicolas Sarkozy. A informação também foi confirmada pelo porta-voz da Casa Branca, Ben Rhodes, segundo o qual o presidente Barack Obama, a bordo do Air Force One na sua viagem pela América Latina, conversou por telefone com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Segundo Rodhes, os três chegaram a um acordo para que a Otan exerça papel de importância no comando da operação militar na Líbia. "Analisaram também os progressos alcançados para deter o avanço das forças" do líder líbio sobre Bengasi, explicou Rhodes.
A Otan já havia concordado em atuar em sua primeira missão contra o ditador Muamar Kadafi, assumindo o controle do embargo de armas. De acordo com o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, barcos e aviões serão mobilizados no Mediterrâneo Central para inspecionar e, "se necessário, interceptar" navios suspeitos de transportar armas ilegais ou mercenários.
A organização também havia definido que ajudará a impor a zona de exclusão aérea sobre a Líbia aprovada pelas Nações Unidas na semana passada. Nesse caso, contudo, a Organização ainda não definiu quando começará a atuar, já que os 28 países membros estão muito divididos sobre o papel da Aliança na ofensiva contra Kadafi.

Confrontos - Um dos comandantes das tropas leais a Kadafi foi morto perto da capital Trípoli, informou na terça-feira a TV Al Jazira. A emissora identificou o comandante como Hussein El Warfali. As forças do ditador atacaram duas cidades do oeste da Líbia, matando dezenas de pessoas, enquanto os rebeldes estavam imobilizados no leste e a Otan tentava resolver a controvérsia sobre quem deve liderar a campanha aérea da coalizão ocidental.
Nos últimos confrontos desta terça, os tanques de Kadafi bombardearam a cidade de Misrata, no oeste líbio. Entre as vítimas, estão quatro crianças que morreram quando o carro em que estavam foi atingindo, segundo moradores. O número total de mortes apenas na segunda-feira chegou a 40.
 
Diplomacia - Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, afirmou que apesar das diferenças existentes entre Brasil e Estados Unidos sobre o conflito na Líbia, as relações bilaterais não serão afetadas. "As posições com relação à Líbia no Conselho de Segurança da ONU não foram idênticas, mas existe um respeito por parte dos Estados Unidos, visível em relação à posição brasileira", disse Patriota em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo.
O Brasil foi um dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU que se absteve na votação da resolução 1973, que cria uma zona de exclusão aérea na Líbia. O começo dos ataques ao regime de Kadafi coincidiu com a visita de dois dias feita ao Brasil no último fim de semana pelo presidente americano, Barack Obama. O chanceler brasileiro expressou que deseja para a Líbia e os países que "estão em momentos de rebeliões internas, alguns de uma maneira mais crítica que outra, a estabilidade do progresso econômico, social, institucional, democrático e político".

Por Veja