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“Se o Brasil é o país do futuro, o futuro chegou”, diz Obama

O discurso de Barack Obama, primeiro marcado para a Cinelândia, depois transferido para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, era considerado o ponto máximo da visita do presidente norte-americano ao Brasil. Em 22 minutos, com a tradicional oratória envolvente e persuasiva, Obama tentou comparar as histórias de Brasil e Estados Unidos, ressaltou a importância de um trabalho em conjunto no cenário internacional e o crescimento brasileiro na última década.
Ele evitou qualquer menção a um tema específico de interesse brasileiro. Nada de vaga brasileira no Conselho Geral da ONU, situação dos vistos de brasileiros para entrar nos Estados Unidos ou anúncio de um grande acordo comercial, mas foi simpático e agradável ao povo e ao país.
O presidente demonstrou conhecimento sobre a história brasileira e começou citando sua primeira impressão do Brasil, quando, em 1983, assistiu “Orfeu Negro”, filme dirigido pelo francês Marcel Camus, que transpunha o mito grego de Orfeu e Eurídice para uma favela carioca. Falou da luta do povo brasileiro pela volta da democracia, durante quase duas décadas, e disse que o país é prova de que nenhum outro sistema político é tão eficiente na distribuição de renda e no atendimento às reais necessidades do povo.
Obama fez várias menções à ampliação da classe média brasileira na última década e à pujança do desenvolvimento nacional. “A esperança venceu nos lugares onde o temor prevalecia”, disse, em referência à melhoria da qualidade de vida e ao slogan da campanha do presidente Lula, em 2002. “Durante décadas se disse que o Brasil era o país futuro. Se é assim, o futuro chegou”.
Quando o tema foi a escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016, Obama foi sincero e arrancou aplausos da platéia. “Vocês sabem que o Rio não era minha primeira opção”, disse. “Mas depois que Chicago saiu, eu não preferia nenhum lugar ao Rio”.
Barack Obama quer ampliar a parceria entre Brasil e os Estados Unidos e disse que o intercâmbio entre estudantes brasileiros e americanos deve ser intensificado com o apoio de empresas norte-americanas. “Temos que derrubar barreiras e reforçar relações para investirmos juntos em energia sustentável e salvar o planeta”, disse, elogiando os biocombustíveis brasileiros.
As catástrofes naturais no Japão também fizeram parte do discurso. Obama reiterou a disposição dos EUA em ajudar os asiáticos a superar a crise e disse que esse é também papel do Brasil, terceiro país com mais japoneses, atrás apenas dos EUA e do próprio Japão. Quanto à situação na Líbia e no Egito, o presidente insinuou que um país não deve se envolver com as escolhas dos outros, mas que nesses casos o que está em jogo são conceitos universais. “Compreendemos que nenhuma nação deve impor sua vontade à outra, mas também sabemos que todos querem ser livres e a poder escolher como somos governados. Não são idéias brasileiras nem americanas, são universais”.
No final, citou história da Cinelândia, praça que fica em frente ao Theatro Municipal. Disse que ali, artistas, estudantes e intelectuais clamaram por democracia no período da Ditadura Militar e que a presidente Dilma Rousseff é símbolo dessa luta. “Ela sabe o valor da perseverança”, disse.

Por Época