Arma ilegal entra pela fronteira até por motoboy
Na fronteira considerada a mais vigiada do Brasil, armas ilegais entram facilmente por meio de um esquema que se utiliza de motoboys.
A reportagem comprou anteontem um revólver calibre 38 nos fundos de uma loja em Ciudad del Este, no lado paraguaio da fronteira que liga o Paraguai a Foz do Iguaçu, no Paraná. Imediatamente, o vendedor acionou o responsável por fazer a entrega do produto --que, na frente do repórter, escondeu a carga em um compartimento no assento da moto.
Foram R$ 700 pela arma, R$ 110 por uma caixa com 50 balas e R$ 130 pelo serviço de "delivery" do motoboy --sendo que R$ 10 são para mais outro mototaxista levar o comprador até o local da entrega, já do lado brasileiro.
Pelas leis do Paraguai, a compra de armas ou munição é restrita a cidadãos paraguaios ou estrangeiros residentes no país que tenham certificados de bons antecedentes emitidos pela polícia e pela Justiça.
Ilegalidade
Quase metade das 16 milhões de armas que circulam no país hoje são ilegais --7,6 milhões, segundo dados do Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal. Muitas delas, mesmo fabricadas no Brasil, acabam enviadas para o exterior e retornam, de maneira ilegal, via fronteira.
No último dia 18, a reportagem revelou que, enquanto o país retoma o debate sobre o desarmamento, o corte no orçamento da PF para este ano afetou a fiscalização nas fronteiras e as ações contra o narcotráfico e contra o contrabando de armas.
A chamada Tríplice Fronteira (Foz, a paraguaia Ciudad del Este e a argentina Puerto Iguazu) é uma importante base do crime organizado na América do Sul. A região é um dos principais entrepostos das armas contrabandeadas que entram de forma ilegal pelas fronteiras brasileiras.
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) vai hoje a Foz para lançar o Gabinete de Gestão Integrada para a segurança na fronteira.
Fragilidade
A fragilidade da fiscalização na Ponte da Amizade facilita o esquema "delivery". No dia da compra da arma, no lado brasileiro havia dois agentes da Polícia Federal e outros quatro da Força Nacional de Segurança para verificar veículos e documentos de quem ingressa no país. Não houve abordagem.
A travessia dos cerca de 800 metros da ponte ocorreu em menos de um minuto.
A entrega da arma foi concretizada no acesso ao estacionamento de um hotel.
Eram 17h. No mesmo dia, o repórter entregou a arma e a munição na sede da PF em Foz do Iguaçu. Teve de prestar esclarecimentos e assinou um termo de declarações e um auto de apreensão.
A reportagem comprou anteontem um revólver calibre 38 nos fundos de uma loja em Ciudad del Este, no lado paraguaio da fronteira que liga o Paraguai a Foz do Iguaçu, no Paraná. Imediatamente, o vendedor acionou o responsável por fazer a entrega do produto --que, na frente do repórter, escondeu a carga em um compartimento no assento da moto.
Foram R$ 700 pela arma, R$ 110 por uma caixa com 50 balas e R$ 130 pelo serviço de "delivery" do motoboy --sendo que R$ 10 são para mais outro mototaxista levar o comprador até o local da entrega, já do lado brasileiro.
Pelas leis do Paraguai, a compra de armas ou munição é restrita a cidadãos paraguaios ou estrangeiros residentes no país que tenham certificados de bons antecedentes emitidos pela polícia e pela Justiça.
Ilegalidade
Quase metade das 16 milhões de armas que circulam no país hoje são ilegais --7,6 milhões, segundo dados do Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal. Muitas delas, mesmo fabricadas no Brasil, acabam enviadas para o exterior e retornam, de maneira ilegal, via fronteira.
No último dia 18, a reportagem revelou que, enquanto o país retoma o debate sobre o desarmamento, o corte no orçamento da PF para este ano afetou a fiscalização nas fronteiras e as ações contra o narcotráfico e contra o contrabando de armas.
A chamada Tríplice Fronteira (Foz, a paraguaia Ciudad del Este e a argentina Puerto Iguazu) é uma importante base do crime organizado na América do Sul. A região é um dos principais entrepostos das armas contrabandeadas que entram de forma ilegal pelas fronteiras brasileiras.
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) vai hoje a Foz para lançar o Gabinete de Gestão Integrada para a segurança na fronteira.
Fragilidade
A fragilidade da fiscalização na Ponte da Amizade facilita o esquema "delivery". No dia da compra da arma, no lado brasileiro havia dois agentes da Polícia Federal e outros quatro da Força Nacional de Segurança para verificar veículos e documentos de quem ingressa no país. Não houve abordagem.
A travessia dos cerca de 800 metros da ponte ocorreu em menos de um minuto.
A entrega da arma foi concretizada no acesso ao estacionamento de um hotel.
Eram 17h. No mesmo dia, o repórter entregou a arma e a munição na sede da PF em Foz do Iguaçu. Teve de prestar esclarecimentos e assinou um termo de declarações e um auto de apreensão.
Por Folha