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'Descobrirão quem eu sou da maneira mais radical', diz atirador

A Polícia Civil do Rio divulgou nesta quarta-feira novas imagens de Wellington Menezes de Oliveira, 23, que atirou contra alunos da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste do Rio), matando 12 deles na quinta-feira (7).
O vídeo, com 58 segundos de duração, foi recuperado de um dos discos rígidos encontrados na casa do atirador. De acordo com a polícia, ainda não é possível determinar a data de gravação, porém os dados apontam que o disco foi acessado pela última vez em julho de 2010, o que indica que o crime já era planejado no ano passado. A polícia informou ter sido esse o único vídeo recuperado até agora.
"A maioria das pessoas me desrespeitam (sic), acham que sou um idiota, se aproveitam de minha bondade, me julgam antecipadamente. São falsas, desleais. Descobrirão quem eu sou da maneira mais radical numa ação que farei pelos meus semelhantes, que são humilhados, agredidos, desrespeitados em vários locais, principalmente em escolas e colégios, pelo fato de serem diferentes, de não fazerem parte do grupo dos infiéis, dos desleais, dos falsos, dos corruptos, dos maus. São humilhados por serem bons."
Segundo o diretor geral de Polícia Técnico Científica, Sérgio da Costa Henriques, o último acesso ao HD onde estavam as imagens aconteceu em julho de 2010, o que significa que Wellington planejava o crime ao menos desde o ano passado. A polícia analisa dois HDs de computadores do atirador --um que foi queimado e outro que está íntegro. O vídeo foi retirado do HD íntegro.
"Tudo indica que ele usou uma câmera para gravar as imagens. Também estamos tentando recuperar outros dados da máquina dele", disse Henriques.
Henriques afirma que as provas colhidas até agora e os laudos cadavéricos indicam que as meninas eram o principal alvo de Wellington. A maioria levou tiros na cabeça e no tórax.
Ainda de acordo com o especialista, não foi encontrada nenhuma prova que aponte suspeitas de ligação de Wellington com grupos extremistas. O laudo da perícia do computador do atirador deve ficar pronto em até o final do mês.
Henriques afirmou que será investigada a origem das imagens exibidas na noite de terça-feira (12) pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Segundo ele, a polícia não tem essas imagens.

HOMENAGEM
 
um ato ecumênico em homenagem aos estudantes mortos no massacre, realizado em frente a escola, reuniu mais de 2.500 pessoas na manhã desta quarta-feira.
O policial Márcio Alexandre Alves, que parou o atirador durante o massacre participou do ato. Ele foi aplaudido e pediu a união para que parentes e amigos superem o massacre. Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella Nardoni, morta em 2008, também foi ao Rio participar da celebração.

BULLYING
 
O "Jornal Nacional", da TV Globo, divulgou nesta terça-feira (12) outros vídeos feitos por Wellington. Nas imagens, ele aparece sem barba e fala de modo calmo, mas confuso. Ele diz ter feito a gravação na terça-feira (5), dois dias antes do ataque, e fala sobre o planejamento do crime.
"A luta pelo qual muitos irmãos no passado morreram e eu morrerei não é exclusivamente pelo o que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem", afirma.

MASSACRE
 
A tragédia ocorreu por volta das 8h30 do dia 7 de abril, após Wellington entrar na escola onde cursou o ensino fundamental e dizer que buscaria seu histórico escolar. Depois, disse que daria uma palestra e, já em uma sala de aula, começou a atirar nos alunos.
Relatos de sobreviventes afirmam que ele mirava na direção nas meninas. Uma das alunas contou aos policiais que, ao ouvir apelos para não atirar, Oliveira mirava na direção delas, tendo como alvo a cabeça.
Os policiais informaram ainda que, pelas análises preliminares, há indicações de que Oliveira treinou para executar o crime.
Durante o tiroteio, um garoto, ferido, conseguiu escapar e avisar a Polícia Militar. O policial Márcio Alexandre Alves relatou que Oliveira chegou a apontar a arma para ele quando estava na escada que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde alunos estavam escondidos. O policial disse ter atirado no criminoso e pedido que ele largasse a arma. Em seguida, Oliveira se matou com um tiro na cabeça.
De acordo com a polícia, o atirador usou dois revólveres e tinha muita munição. Além de colete a prova de balas, usava cinturão com armamento. Em carta, o criminoso fala em "perdão de Deus" e diz que quer ser enterrado ao lado de sua mãe.
Nesta terça-feira, a polícia informou que o laudo cadavérico do IML do atirador apontou característica de suicídio.

 Por Folha