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Petrobras prevê aumento da gasolina. Mantega nega

SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO - Depois de dizer insistentemente que o preço da gasolina no Brasil não seria pautado pelo mercado internacional, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, voltou atrás e admitiu nesta quarta-feira que poderá haver reajuste se o preço do petróleo tipo Brent permanecer no atual patamar. Horas depois, no entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que "não está prevista nenhuma alta da gasolina no Brasil".
Gabrielli alegou que uma variação muito grande de preços no mercado internacional prejudica a margem de lucro das refinarias. Na manhã de ontem, o barril do petróleo do tipo Brent atingiu a sua maior cotação em dois anos e meio, a US$ 123, por causa da crise na Líbia. Dois meses atrás, de acordo com o próprio Gabrielli, o valor não passava de US$ 100.
Nesta quarta-feira, o barril de petróleo do tipo brent era negociado por volta de US$ 121 em Londres.
- Se confirmar a estabilização do preço do petróleo no plano internacional, vamos ter de alterar o preço do petróleo no Brasil. Se os preços se consolidarem no patamar que estão e nós não sabemos se vai se consolidar nesse nível, evidentemente teremos compressão em nossa margem e precisaremos ajustar o preço doméstico - afirmou Gabrielli, logo após participar de um encontro com o governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Gabrielli lembrou ainda que os preços no mercado domésticos não mudam desde maio de 2009, quando a Petrobras, inclusive, diminuiu os preços.
Apesar da declaração do presidente da Petrobras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que não há nenhuma previsão de alta nos preços da gasolina no país.
- Não estou preocupado com a alta da gasolina porque não há alta da gasolina. Não está prevista nenhuma alta da gasolina no Brasil. Ela não vai subir - disse o ministro.
Mantega também comentou a elevação dos preços do etanol por conta da entressafra. Segundo ele, esse comportamento se deve à entressafra da cana de açúcar, que acaba este mês.
- O álcool subiu porque todo ano neste período ele sobe por causa da entressafra. Tudo mundo sabe. E também é devido a chuvas mais demoradas que prejudicaram a colheita. Mas a partir de abril, a safra começa a ser colhida, aumenta a oferta e, a partir de maio, o preço passa a cair.

Consumidor já paga mais caro

Sérgio Gabrielli lembrou que o preço da gasolina pura da Petrobras (tipo A), sem etanol, está inalterado desde maio de 2009, em torno de R$ 1 o litro. Nas bombas, no entanto, o preço é mais alto e vem subindo por causa de repasse de encargos com impostos estaduais, custo de distribuição e aumentos constantes no preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina na proporção de 25%.
Gabrielli disse ainda que no próximo dia 15 chegará ao país uma carga reserva de importação de petróleo. Se essa carga não for suficiente para suprir a demanda, a companhia poderá fazer um novo pedido, já que a Petrobras está no limite de sua capacidade de produção. A demanda por gasolina aumenta à medida que o preço do álcool sobe nas bombas.
- Se a demanda (por gasolina) se contrair e se a oferta de etanol aumentar, fazendo o preço do etanol cair, haverá menos demanda e não precisaremos importar - disse.
Apesar de a Petrobras não reajustar seus preços para as refinarias desde 2009, os consumidores estão pagando mais caro pela gasolina e o diesel nas bombas. No Rio, na semana passada, postos vendiam a gasolina a R$ 3,098 o litro, 23,6% a mais do que a média de R$ 2,502 de 2009. O mercado de distribuição é livre, não tem os preços controlados.

Protesto contra aumento de combustíveis cai na rede

Nas mídias sociais, os internautas se mobilizaram contra o eventual aumento do combustível. No Twitter, internautas mostram que são contra o possível aumento do preço da gasolina. Imediatamente após a declaração de Gabrielli, mensagens reclamando do alto valor cobrado pelo combustível começaram a inundar a rede, utilizando o marcador #boicotepostosbr. O fluxo de tweets foi tamanho que o termo foi parar no segundo lugar dos Trending Topics (TTs) brasileiros do Twitter, a lista dos assuntos mais comentados na rede.
"Gente, vamos persistir no #boicotepostosbr. A gasolina tá um absurdo de cara. Aqui em São Luis já tem posto cobrando R$ 2,90", escreveu a internauta @srtalcaldas
A hashtag #boicotepostosbr só perde para outra manifestação no Twitter contra o aumento de preços de álcool e gasolina no país. Há três dias, #combustivelmaisbaratoja reina absoluta no topo dos TTs
O presidente da Petrobras disse que chegará no dia 15 de abril uma carga reserva de importação de petróleo. Se essa carga não for suficiente para suprir a demanda, a Petrobras poderá fazer um novo pedido, já que a demanda continua crescendo e a companhia está no limite de sua capacidade de produção.
- Se a demanda se contrair e se a oferta de etanol aumentar, fazendo o preço do etanol cair, haverá menos demanda e não precisaremos importar.

Por O Globo