Palocci cita Malan, mas é clone de Dirceu
Para justificar a multiplicação de seu patrimônio por vinte, o ministro Antonio Palocci lançou mão de uma velha tática petista: insistir na tese de que todo mundo faz a mesma coisa. Em e-mail enviado a senadores da base aliada a mando de Palocci, um assessor especial da Casa Civil compara o enriquecimento do ministro ao de outros ex-chefes da área financeira do governo. Tudo para dizer que ganhar dinheiro é assim, normal.
Ao se comparar a Pérsio Arida, André Lara Resende, Armínio Fraga e Henrique Meirelles, Palocci esquece que todos eles eram e são homens do mercado financeiro. Sabe-se de onde vieram suas fortunas.
Os economistas Arida e Lara Resende tornaram-se sócios de bancos ao deixar o governo. Armínio Fraga gerenciava um fundo de investimento milionário e, depois de deixar o BC, compôs o conselho de um banco e tornou-se um dos maiores acionistas de outro poderoso fundo. Meirelles era executivo de um banco internacional antes de assumir o BC.
O mesmo não se pode dizer do dinheiro de Palocci. A oposição recorreu ao Ministério Público para descobrir de onde vieram os 7,5 milhões de reais, usados para adquirir dois imóveis entre 2006 e 2010. “Pela função que exerce, de ministro da Casa Civil, Palocci não pode argumentar com base na lógica, tem de comprovar o que diz”, afirma o senador Álvaro Dias. “Haverá suspeita enquanto não for quebrado o sigilo fiscal do ministro. Só assim saberemos se a origem do dinheiro foi lícita ou ilícita.”
PSDB e DEM vão apresentar nesta semana requerimento para que Palocci seja convocado a depor na Câmara e explicar a origem do dinheiro. “Os ministros que ele cita no e-mail são reconhecidamente pessoas do mercado financeiro. Palocci não”, diz Álvaro Dias.
Médico, Palocci assumiu o ministério da Fazenda em 2003 por ser um dos homens de confiança do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, José Dirceu ocupava a Casa Civil. Após ser defenestrado do governo em meio ao escândalo do mensalão, Dirceu também tornou-se consultor. Especialidade: tráfico de influência, ou usar o bom trânsito no governo para mostrar a empresários que paguem bem os caminhos mais curtos até os cofres públicos. A conferir com quem Palocci se parece.
Por Veja