Chegada de Gleisi piora relação entre Congresso e Planalto
Ao escolher Gleisi Hoffman para comandar a Casa Civil, Dilma Rousseff preferiu mexer apenas em uma peça do tabuleiro federal. Por isso, optou por Gleisi em vez de outros nomes especulados, como o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (marido de Gleisi), e o da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Por trás da decisão de Dilma, também está a tentativa de atribuir à Casa Civil um perfil que a pasta possuía quando estava justamente sob o comando da atual presidente da República: o de coordenação dos programas de governo.
A presidente conheceu a sucessora de Antonio Palocci de perto durante o governo Lula: enquanto Dilma comandava o Ministério de Minas e Energia, Gleisi era diretora financeira da usina de Itaipu. Gostou do que viu. No aspecto político, entretanto, a senadora reuniu inimizades de todos os lados, em quatro meses de mandato no Senado. Apesar do comportamento aparentemente sereno, ela é vista como alguém que se irrita facilmente. "A ministra é preparada, mas muito esquentadinha", define o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Gleisi é filiada ao PT há 22 anos, e percorreu os atalhos da política em parte por causa da figura do marido. A oposição a classifica como alguém radical, que partidariza cada mínimo debate e prefere o "tratoraço" da maioria governista ao diálogo. Parlamentares ouvidos pelo site de VEJA acreditam que a relação entre Planalto e Congresso tende a piorar, justamente num período em que os ânimos já estão exaltados.
Peemedebistas atribuem a Gleisi uma operação para retirar das mãos de Romero Jucá (PMDB-RR) a liderança do governo no Senado em 2012. De fato, a senadora vinha tentando minar o trabalho de Jucá em algumas votações, numa disputa que tinha potencial para abrir uma guerra declarada entre as bancadas. Parlamentares do PMDB consideram impossível que a nova ministra seja responsável pela interlocução do Planalto com o Congresso.
Alguns petistas e integrantes de outros partidos aliados já foram apresentados aos modos, por assim dizer, pouco democráticos da nova ministra. Na semana passada, ela chegou a retirar o microfone da boca de dois colegas: os senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Aníbal Diniz (PT-AC). Gleisi tentava apressar a votação de duas medidas provisórias que perderiam o efeito se não fossem votadas até meia-noite do dia 1º de junho. Fracassou na missão e saiu dela com a imagem arranhada entre aliados e oposicionistas.
As inimizades já renderam dois apelidos a Gleisi, que também se destaca como a figura mais bonita do Senado: Barbie e Lady Gaga. Ambos fazem troça com o apreço com o visual e aquilo que alguns chamam de pose demasiado altiva da petista.
Lacuna - A nova ministra também foi uma das vozes mais fortes dentro da bancada petista contra a blindagem ao ministro Antonio Palocci, o que alimentou rumores de que ela estaria trabalhando para que o marido ficasse com a vaga. Tida como alguém que tem lealdade canina ao partido, ela via em Palocci uma figura que construiu um projeto pessoal dentro do governo, o que seria inaceitável.
Gleisi Hoffmann já afirmou que sua tarefa no cargo será eminentemente técnica. Isso deve evitar atritos com o Congresso. Por outro lado, a escolha de Dilma Rousseff abre uma lacuna cujo preenchimento ainda é uma incógnita: quem fará a articulação política do governo? O ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, atuava apenas quando o tema em jogo era pouco relevante. Caso contrário, era Palocci quem resolvia. Agora, sem diálogo com a Casa Civil, o Congresso pode ficar órfão. Petistas minimizam a situação, alegando que a relação do governo com o Parlamento precisa apenas de "ajustes finos". Na prática, ninguém acredita nisso.
A presidente conheceu a sucessora de Antonio Palocci de perto durante o governo Lula: enquanto Dilma comandava o Ministério de Minas e Energia, Gleisi era diretora financeira da usina de Itaipu. Gostou do que viu. No aspecto político, entretanto, a senadora reuniu inimizades de todos os lados, em quatro meses de mandato no Senado. Apesar do comportamento aparentemente sereno, ela é vista como alguém que se irrita facilmente. "A ministra é preparada, mas muito esquentadinha", define o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Gleisi é filiada ao PT há 22 anos, e percorreu os atalhos da política em parte por causa da figura do marido. A oposição a classifica como alguém radical, que partidariza cada mínimo debate e prefere o "tratoraço" da maioria governista ao diálogo. Parlamentares ouvidos pelo site de VEJA acreditam que a relação entre Planalto e Congresso tende a piorar, justamente num período em que os ânimos já estão exaltados.
Peemedebistas atribuem a Gleisi uma operação para retirar das mãos de Romero Jucá (PMDB-RR) a liderança do governo no Senado em 2012. De fato, a senadora vinha tentando minar o trabalho de Jucá em algumas votações, numa disputa que tinha potencial para abrir uma guerra declarada entre as bancadas. Parlamentares do PMDB consideram impossível que a nova ministra seja responsável pela interlocução do Planalto com o Congresso.
Alguns petistas e integrantes de outros partidos aliados já foram apresentados aos modos, por assim dizer, pouco democráticos da nova ministra. Na semana passada, ela chegou a retirar o microfone da boca de dois colegas: os senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Aníbal Diniz (PT-AC). Gleisi tentava apressar a votação de duas medidas provisórias que perderiam o efeito se não fossem votadas até meia-noite do dia 1º de junho. Fracassou na missão e saiu dela com a imagem arranhada entre aliados e oposicionistas.
As inimizades já renderam dois apelidos a Gleisi, que também se destaca como a figura mais bonita do Senado: Barbie e Lady Gaga. Ambos fazem troça com o apreço com o visual e aquilo que alguns chamam de pose demasiado altiva da petista.
Lacuna - A nova ministra também foi uma das vozes mais fortes dentro da bancada petista contra a blindagem ao ministro Antonio Palocci, o que alimentou rumores de que ela estaria trabalhando para que o marido ficasse com a vaga. Tida como alguém que tem lealdade canina ao partido, ela via em Palocci uma figura que construiu um projeto pessoal dentro do governo, o que seria inaceitável.
Gleisi Hoffmann já afirmou que sua tarefa no cargo será eminentemente técnica. Isso deve evitar atritos com o Congresso. Por outro lado, a escolha de Dilma Rousseff abre uma lacuna cujo preenchimento ainda é uma incógnita: quem fará a articulação política do governo? O ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, atuava apenas quando o tema em jogo era pouco relevante. Caso contrário, era Palocci quem resolvia. Agora, sem diálogo com a Casa Civil, o Congresso pode ficar órfão. Petistas minimizam a situação, alegando que a relação do governo com o Parlamento precisa apenas de "ajustes finos". Na prática, ninguém acredita nisso.
Por Veja