Palácio do Jaburu é visto como bunker de conspiração
Aos olhos de integrantes do Palácio do Planalto, o Palácio do Jaburu, onde mora o vice-presidente da República, virou uma espécie de 'bunker de conchavos'. É lá que o anfitrião ouve reclamações de aliados por mais espaço no governo.
No dia em que Antonio Palocci (ex-Casa Civil) caiu, no início do mês, os mais fortes líderes do PMDB foram chamados à residência oficial de Michel Temer para avaliar o Dia D da crise política.
Antes de reclamar do governo, congressistas protestaram contra o vinho tinto servido em taça de vidro espesso. No menu, risoto de limão, filé mignon e tempero picante nas confabulações.
O hábito de reuniões políticas regulares fora dos endereços oficiais do poder vem de anos. Os encontros apenas mudaram de endereço após a eleição da presidente Dilma Rousseff.
A lista de frequentadores conta com os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) e os deputados Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN). Também são assíduos os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Moreira Franco (Assuntos Estratégicos).
No Dia D, protesto em tom de piada era repetido: "O problema da articulação política do governo não era o garçom, mas a dona do restaurante [Dilma]."
Garçom foi o apelido dado por aliados ao ministro Luiz Sérgio, então titular das Relações Institucionais, por "só anotar pedidos".
Temer relatou aos convidados a conversa que teve com Dilma pouco antes. "Ela disse que escolheu Gleisi Hoffmann para a Casa Civil para ser a Dilma da Dilma."
"Ela só se esqueceu de nomear o Lula da Dilma", retrucou um integrante do grupo. Todos riram, exceto Temer.
Quando o nome de Ideli Salvatti foi cogitado por Renan Calheiros para as Relações Institucionais, Sarney brincou, referindo-se ao trio Dilma, Gleisi e Ideli no núcleo do Planalto: "Quanto hormônio junto!"
Hoje a figura mais forte no PMDB, Temer é tido por colegas como uma espécie de "presidente da política", ainda que longe das decisões do Planalto. Foi dele a recomendação para que o partido buscasse salvar Palocci no Congresso, quando o próprio PT o abandonava.
À Folha lamentou que o PMDB tenha virado a "Geni" dos partidos. "Eu sei qual é o meu papel na vice, é constitucional. Sei qual é o meu lugar, e é lá que eu fico. Sou cerimonioso e discreto."
O Planalto vê o PMDB quase como "inimigo íntimo". Até agora, porém, não impôs nenhuma grande derrota à presidente. A articulação contra Palocci foi tramada por petistas.
"Não há conspiração. Nós nos reunimos porque somos políticos, poxa", rebateu Moreira Franco.
No dia em que Antonio Palocci (ex-Casa Civil) caiu, no início do mês, os mais fortes líderes do PMDB foram chamados à residência oficial de Michel Temer para avaliar o Dia D da crise política.
Antes de reclamar do governo, congressistas protestaram contra o vinho tinto servido em taça de vidro espesso. No menu, risoto de limão, filé mignon e tempero picante nas confabulações.
O hábito de reuniões políticas regulares fora dos endereços oficiais do poder vem de anos. Os encontros apenas mudaram de endereço após a eleição da presidente Dilma Rousseff.
A lista de frequentadores conta com os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) e os deputados Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN). Também são assíduos os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Moreira Franco (Assuntos Estratégicos).
No Dia D, protesto em tom de piada era repetido: "O problema da articulação política do governo não era o garçom, mas a dona do restaurante [Dilma]."
Garçom foi o apelido dado por aliados ao ministro Luiz Sérgio, então titular das Relações Institucionais, por "só anotar pedidos".
Temer relatou aos convidados a conversa que teve com Dilma pouco antes. "Ela disse que escolheu Gleisi Hoffmann para a Casa Civil para ser a Dilma da Dilma."
"Ela só se esqueceu de nomear o Lula da Dilma", retrucou um integrante do grupo. Todos riram, exceto Temer.
Quando o nome de Ideli Salvatti foi cogitado por Renan Calheiros para as Relações Institucionais, Sarney brincou, referindo-se ao trio Dilma, Gleisi e Ideli no núcleo do Planalto: "Quanto hormônio junto!"
Hoje a figura mais forte no PMDB, Temer é tido por colegas como uma espécie de "presidente da política", ainda que longe das decisões do Planalto. Foi dele a recomendação para que o partido buscasse salvar Palocci no Congresso, quando o próprio PT o abandonava.
À Folha lamentou que o PMDB tenha virado a "Geni" dos partidos. "Eu sei qual é o meu papel na vice, é constitucional. Sei qual é o meu lugar, e é lá que eu fico. Sou cerimonioso e discreto."
O Planalto vê o PMDB quase como "inimigo íntimo". Até agora, porém, não impôs nenhuma grande derrota à presidente. A articulação contra Palocci foi tramada por petistas.
"Não há conspiração. Nós nos reunimos porque somos políticos, poxa", rebateu Moreira Franco.
Por Folha