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'Me sinto no país do denuncismo', diz suplente de Itamar

Alvo de três inquéritos, o herdeiro da vaga do ex-presidente Itamar Franco (PPS) no Senado, José Perrella de Oliveira Costa (PDT-MG), conhecido como Zezé Perrella, afirmou no último dia 5 à Folha que se sente "no país do denuncismo" e se defende dizendo que "ser investigado não é crime".
Ex-deputado estadual e federal por Minas Gerais, Perrella é presidente do Cruzeiro e assumiu o cargo de senador nesta segunda-feira (11), no lugar de Itamar, que morreu no último dia 2.
Apesar de seu partido integrar a base do governo da presidente Dilma Rousseff, Perrella diz que estará mais afinado com os interesses de Minas e do senador Aécio Neves (PSDB), que o indicou para a suplência de Itamar.
"Tenho compromisso com o grupo do Aécio, não posso fugir disso. Agora, devo também fidelidade ao meu partido, mas olhando sempre os interesses do meu Estado. Tenho o maior respeito pela presidente Dilma, mas quem teve o apoio dela aqui em Minas foi o nosso adversário. Não posso esquecer disso."
Perrella já foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de lavagem de dinheiro na venda do zagueiro cruzeirense Luizão, em 2003. Outros dois inquéritos, um da PF e outro do Ministério Público de Minas, investigam suposta ocultação de patrimônio.
À Justiça Eleitoral, ele declarou menos de R$ 500 mil. No entanto, denúncias veiculadas pela imprensa mineira afirmam que Perrella é dono de uma fazenda que vale cerca de R$ 60 milhões.
Em relação aos inquéritos, Perrella disse que eles ainda não originaram nenhuma denúncia. "Ser investigado não é crime. O próprio Itamar, homem idôneo, sofreu sete procedimentos de investigação por improbidade e nunca foi denunciado", disse à Folha.
Depois de tomar posse, Perrella só poderá ser processado no STF (Supremo Tribunal Federal). "Se tiver jeito de eu abrir mão eu gostaria, mas o foro privilegiado não é meu, é do cargo. Não tenho o que temer", disse.
Sobre as investigações em relação à venda de Luizão, Perrella disse que não foi ouvido pela PF e que a venda do jogador foi um negócio "rotineiro" e "legal".
Em relação à suspeita de sonegação patrimonial, afirmou que 87% das terras (3.400 hectares) que possui no interior de Minas foram adquiridas há 14 anos por R$ 3 milhões e que as denúncias da imprensa estão equivocadas.
Segundo Perrella, R$ 60 milhões é o valor de toda a empresa agrícola que criou e que há dez anos está em nome dos filhos. "Eu não tenho que declarar o que não me pertence. Quem tem que declarar são os meus filhos. Meu filho foi candidato [se elegeu deputado estadual] e declarou [a empresa]."

Por Folha