|

Sudão do Sul empossa seu primeiro presidente

Salva Kiir Mayardit, que chefiou o Movimento Popular de Libertação do Sudão, tomou posse como presidente do Sudão do Sul, cuja independência foi proclamada neste sábado em cerimônia na capital Juba. Omar al Bashir, o ditador do Sudão, do qual o novo país se desmembrou após décadas de conflitos, esteve ao lado de Mayardit na cerimônia.
Milhares de cidadãos assistiram ao ato, realizado em meio a fortes medidas de segurança, incluindo a presença de 2.000 policiais. O local da cerimônia foi o mausoléu de John Garang, onde está o corpo de um dos heróis do país, morto em 2005. Muitos chegaram às lágrimas quando a bandeira do Sudão foi retirada do mastro e o pavilhão da nova nação foi hasteado. Alguns chegaram a desmaiar enquanto o presidente do Parlamento, James Wani Igga, lia a declaração de independência, diante de 80 delegações estrangeiras e 30 chefes de estado. "Esperamos 56 anos e este é um sonho tornado realidade" afirmou Mayardit.
O presidente fez uma emocionada homenagem aos 2,5 milhões de mortos das duas sangrentas guerras civis que os sudaneses do sul travaram com seus vizinhos do norte. "Perdoamos, mas não esqueceremos", disse.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e o atual presidente da União Africana e líder da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, foram algumas das personalidades que ofereceram seu apoio à nova nação, com discursos em favor do diálogo entre norte e sul. O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, e os enviados da Liga Árabe, da China e dos Estados Unidos desejaram que o novo estado se desenvolva sobre princípios como justiça, igualdade e respeito aos direitos humanos.

Nova Constituição – Antes de prestar juramento, Kiir assinou o decreto que promulga a Constituição provisória do Sudão do Sul. "Eu, general Salva Kiir Mayardit, juro por Deus que, como presidente, serei fiel à República do Sudão do Sul", disse o presidente do novo estado, o 54º da África e o 193º membro da ONU. Kiir ressaltou que, entre suas tarefas, estarão "fortalecer o desenvolvimento, preservar a Constituição, cumprir a lei, proteger e fortalecer a unidade do povo, consolidar o sistema democrático descentralizado e a honestidade e a dignidade do povo".

Referendo – Em janeiro, 99% dos cidadãos do sul do Sudão votaram a favora da independência. O então maior país da África seria partido em dois: o Norte, de maioria muçulmana, e o Sul, cristão. Omar al Bashir aceitou a independência do sul do país em fevereiro. A realização do referendo é um dos pontos do acordo de paz assinado em 2005 entre o governo central de Cartum e os rebeldes do Sul, após anos de guerra.

Por Veja