BC radicalizará corte de juros, apesar da inflação
Diante de um cenário internacional de crise, que tende a piorar, a equipe econômica não descarta uma redução mais ousada da taxa de juros (Selic) já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 18 e 19 de outubro, como arma contra os efeitos da turbulência lá fora. A avaliação do Palácio do Planalto é que o Brasil já vive um cenário de queda da inflação, assim como o resto do mundo, o que permitiria uma decisão mais arrojada no que se refere às taxas de juros, hoje em 12% ao ano. Essa percepção, porém, vai no sentido inverso à dos economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) em sua pesquisa semanal do Boletim Focus, que, pela primeira vez, preveem um estouro do teto da meta de inflação este ano, fixado em 6,5%, justamente pelo afrouxamento da política monetária. Segundo o boletim, o IPCA, índice usado pelo governo, encerrará o ano em 6,52%. Foi a sexta previsão seguida de alta da inflação. De volta de uma rodada de conversas com autoridades monetárias e o setor financeiro da Europa e dos EUA, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estão ainda mais preocupados com a situação internacional. Segundo interlocutores, preveem uma deterioração grave no cenário europeu já nos próximos dias.
Dilma não quer abrir mão de crescimento
A percepção é que o cenário descrito na ata da última reunião do Copom, divulgada há duas semanas, e descrito como "catastrófico" por alguns economistas, vem se confirmando. O governo, por determinação da presidente da República, Dilma Rousseff, não considera a possibilidade de abrir mão do crescimento econômico este ano. Daí o cuidado de agir depressa, antecipando-se ao agravamento da crise, para não repetir 2008, quando o BC errou na mão ao esperar tempo demais para começar a cortar os juros após o estouro das hipotecas americanas.
Em Nova York, na semana passada, a presidente afirmou que não se sai de uma crise profunda por meio de políticas recessivas:
- É importante procurar respostas novas a problemas novos. Não acredito que se saia da crise produzindo recessão. Temos a experiência de duas décadas perdidas.
Ontem, após uma semana no exterior, a presidente recebeu Mantega logo pela manhã, e a pauta incluiu a situação econômica nacional, tendo por base todos os cenários discutidos lá fora. O presidente do BC também voltou ontem ao país. A avaliação da autoridade monetária é que o dia nos mercados foi mais calmo. Nenhuma nova medida para dar liquidez está descartada, sobretudo no mercado futuro, foco das turbulências da semana passada.
A decisão de mudar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), segundo uma fonte da equipe econômica, ainda não foi tomada. Para os especialistas, a alta do tributo travou o mercado porque pegou todo mundo no contrapé com apostas na queda do dólar e na alta da Selic, o que não aconteceu. A preocupação é evitar que a turbulência internacional, o sobe e desce do dólar, as previsões maiores de inflação contaminem as expectativas da população.
Dilma não quer abrir mão de crescimento
A percepção é que o cenário descrito na ata da última reunião do Copom, divulgada há duas semanas, e descrito como "catastrófico" por alguns economistas, vem se confirmando. O governo, por determinação da presidente da República, Dilma Rousseff, não considera a possibilidade de abrir mão do crescimento econômico este ano. Daí o cuidado de agir depressa, antecipando-se ao agravamento da crise, para não repetir 2008, quando o BC errou na mão ao esperar tempo demais para começar a cortar os juros após o estouro das hipotecas americanas.
Em Nova York, na semana passada, a presidente afirmou que não se sai de uma crise profunda por meio de políticas recessivas:
- É importante procurar respostas novas a problemas novos. Não acredito que se saia da crise produzindo recessão. Temos a experiência de duas décadas perdidas.
Ontem, após uma semana no exterior, a presidente recebeu Mantega logo pela manhã, e a pauta incluiu a situação econômica nacional, tendo por base todos os cenários discutidos lá fora. O presidente do BC também voltou ontem ao país. A avaliação da autoridade monetária é que o dia nos mercados foi mais calmo. Nenhuma nova medida para dar liquidez está descartada, sobretudo no mercado futuro, foco das turbulências da semana passada.
A decisão de mudar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), segundo uma fonte da equipe econômica, ainda não foi tomada. Para os especialistas, a alta do tributo travou o mercado porque pegou todo mundo no contrapé com apostas na queda do dólar e na alta da Selic, o que não aconteceu. A preocupação é evitar que a turbulência internacional, o sobe e desce do dólar, as previsões maiores de inflação contaminem as expectativas da população.
Por O Globo