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Vendas de importados de luxo sobem 30% após novo IPI

Logo após o anúncio, por parte do governo, da elevação de 30 pontos porcentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as importadoras de veículos de luxo viveram uma semana de vendas inéditas. Consumidores ávidos para comprar antes do aumento de preço esgotaram os estoques de modelos Audi, BMW, Mercedes-Benz, Land Rover, entre outras marcas de alto padrão presentes no Brasil. Enquanto novos carros são embarcados no exterior – a preços potencialmente mais altos devido ao novo IPI e à disparada do dólar –, as empresas aproveitam o momento para engordar o caixa e se reestruturar para a nova realidade de mercado.
Nas concessionárias da Eurobike, importadora de marcas como BMW e Volvo, o crescimento das vendas foi em torno de 30% no fim de semana após o anúncio. “Houve uma corrida repentina de pessoas querendo escapar dessa tributação absurda”, afirma o proprietário da empresa, Henry Visconde. Segundo o empresário, que possui vinte lojas no Brasil, o momento é o de congelar os planos de expansão. A Eurobike está na etapa final de construção de uma loja de oito mil metros quadrados em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, que nem teria começado se o imposto tivesse sido anunciado antes. “Vamos parar o que der. A obra de São José do Rio Preto não dá mais para parar, mas já congelamos a expansão para o Mato Grosso do Sul e a loja de Bauru também”, afirma o empresário.

Compra antecipada – A medida anunciada pelo governo na semana passada também serviu para que consumidores que estudavam trocar de carro no final do ano antecipassem a compra. Na Caltabiano, os negócios que estavam por fechar, foram concluídos. “No caso de veículos de luxo, ninguém troca de carro porque ele está ruim. A mudança ocorre porque o cliente tem desejo de comprar outro modelo específico e, geralmente, estuda essa compra por vários meses antes de efetuá-la”, afirma Denis Cicuto, diretor comercial de marcas premium da Caltabiano. Na rede de concessionárias da empresa, apenas em 19 de setembro, foi vendida a mesma quantidade de carros que costumava ser comercializada em um mês. Entre as marcas que já esgotaram estão Land Rover e Chrysler. Há ainda poucos modelos de Mini e Mercedes-Benz. A empresa colocará seu plano de expansão em stand-by, aguardando o posicionamento das montadoras estrangeiras. “Elas ainda estão reavaliando o mercado brasileiro”, diz.
A Audi, apesar de ter visto suas vendas saltarem mais de 30% durante a semana, ainda possui cerca de 900 carros em estoque com o preço antigo. No entanto, a expectativa do presidente da empresa, Paulo Kakinoff, é que os veículos esgotem-se em 20 dias – em vez de 40 dias, como era previsto antes da alta do IPI. As próximas entregas de veículos, já com modelos 2012, virão com preços 10% maiores. “Nossa estratégia é repassar de forma gradativa esse aumento”, afirma o executivo. Entre os modelos praticamente esgotados estão o A4 e o A1.

Impacto no segmento de entrada – Com um preço médio de 90.000 reais, o A1 é considerado o “carro de entrada” dos clientes Audi. De acordo com Kakinoff, esse deverá ser o modelo da marca mais afetado pela nova alíquota. “A sensibilidade a preço é inversamente proporcional ao valor total do carro. Logo, os carros de menor valor deverão ser os mais penalizados”, diz.
Já os clientes que tinham a intenção de ostentar automóveis esportivos de alto luxo, como os modelos da Porsche e da Aston Martin, nem mesmo tiveram a chance de correr até a loja mais próxima. Os veículos, que custam a partir de 300.000 reais, são feitos apenas sob encomenda. Segundo Marcel Visconde, proprietário da Stuttgart Sportcar (importadora oficial da Porsche no país), houve muita procura de clientes que não tinham carros da marca e queriam fazer a aquisição a qualquer custo. “Os clientes chegaram querendo comprar qualquer carro Porsche que tivéssemos. Contudo, nosso estoque é baixíssimo pelo fato de trabalharmos apenas com encomendas”, afirma.
O novo regime automotivo do governo, segundo o empresário, prejudicará não só o consumidor de carros populares e utilitários, que encontrava nas montadoras asiáticas preços mais convidativos. Para Visconde, os importados de luxo foram colocados na mesma conta que os demais, sendo que a indústria nacional não tem como abastecer o mercado com estes modelos. “É uma discussão totalmente irracional quando você insere o artigo de luxo em uma medida como essa, pois o consumidor já paga o maior IPI do mercado ao comprar esses veículos”, afirma o empresário, que também congelou seus planos de expansão para a região Nordeste. “Nossa participação de mercado é quase zero e acabamos levando a mesma canetada”, reclama.

Por Veja