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Justiça julgará greve dos Correios na terça; acordo fracassa

Fracassou a última tentativa do TST (Tribunal Superior do Trabalho) de costurar um acordo entre os Correios e os trabalhadores em greve há 24 dias.
Com isso, foi decidido nesta sexta-feira que o tribunal irá julgar, na próxima terça-feira (11), o dissídio da categoria.
O caso será decidido em julgamento pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos do TST, composta por nove ministros do tribunal.
Empresa e funcionários participaram hoje de uma nova audiência no TST, para julgamento da liminar, concedida ontem, que obriga os grevistas a manterem pelo menos 40% do pessoal trabalhando nas unidades de serviço.
Os Correios afirmam que 80% de seus funcionários estão trabalhando.
 
DESCONTO
 
Na audiência desta sexta, a Fentect (federação dos trabalhadores) afirmou que o acordo foi rejeitado devido ao desconto dos dias parados e do baixo aumento real oferecido pelo governo.
Diante disso, os Correios propuseram desconto de 12 dias e a compensação dos outros 12. O TST, por sua vez, propôs a devolução dos valores dos dias já descontados, a serem pagos em 12 parcelas a partir de janeiro de 2012, e a compensação --ou seja, em horas extras-- dos demais. Além disso, sugeriu também reajuste de 6,87%, abono imediato de R$ 800 e aumento linear de R$ 60 a partir de janeiro/2012.
O TST advertiu que a jurisprudência da corte só não admite desconto em greves por atraso de salários. Nos demais casos há desconto.
Apesar de os Correios aceitarem a nova proposta, a Fentect não concordou --por isso a palavra final agora será da Justiça.
 
HISTÓRICO
 
A proposta de consenso que foi rejeitada no início da semana previa a reposição da inflação de 6,87%, retroativo a agosto, e um reajuste linear de R$ 80 a partir de outubro.
Os dias seriam compensados. Em 15 deles, os trabalhadores atuariam aos sábados e domingos para colocar em dia o passivo de carga atrasada.
Os outros seis, que já foram descontados na folha de pagamento de setembro, seriam devolvidos imediatamente aos grevistas, mas haveria um desconto a partir de janeiro, parcelado em até 12 meses.
No início do movimento, a categoria reivindicava aumento salarial linear de R$ 400 a partir de janeiro, reposição da inflação calculada em 7,16% e mais 24,76% referentes a perdas acumuladas desde 1994.

BALANÇO
 
Os Correios afirmam que há 140 milhões de cartas e encomendas em atraso, que seriam necessários até cinco dias para entregá-las. O governo federal cortou o ponto dos grevistas e exigiu compensação dos dias não trabalhados.
A greve suspendeu os serviços de entrega com hora marcada dos Correios e também atrasos de três a quatro dias nos demais. A empresa pretendia ontem normalizar os serviços na próxima semana.
A empresa contabilizou um prejuízo diário de R$ 20 milhões. A cifra pode aumentar, uma vez que são comuns ações judiciais de clientes por conta dos atrasos.

Por Folha