AIEA aponta indícios de que Irã tentou desenvolver armas nucleares
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou nesta terça-feira (8) um relatório sobre o programa nuclear do Irã no qual aponta indícios de que o país manteve até um passado recente atividades exclusivamente relacionadas ao desenvolvimento de armas nucleares. Os dados que o organismo recebeu de vários países-membros indicam que Teerã "realizou atividades relevantes no desenvolvimento de uma bomba nuclear", de acordo com o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, no documento emitido na sede da entidade, em Viena. O texto, enviado aos Estados-membros e ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, afirma que, antes de 2003, essas atividades eram realizadas sob um programa estruturado e algumas poderiam ainda estar em andamento.
Entre as atividades, a agência da ONU destaca trabalhos no desenvolvimento do que qualifica como um "desenho próprio" para uma arma nuclear, além da compra de informação e documentação de uma rede clandestina de material atômico, segundo um extenso documento confidencial obtido pela Agência Efe. Nele, os inspetores detalham as informações sobre supostas dimensões militares do programa nuclear iraniano como, por exemplo, experimentos com explosivos especiais e o desenvolvimento de detonadores.
Uma fonte diplomática próxima à AIEA e a par das investigações disse à Efe em Viena que "os assuntos detalhados dão uma imagem bastante exaustiva do que se necessita quando se deseja construir uma arma nuclear". Os inspetores da AIEA afirmam que o regime de Teerã realizou "esforços para desenvolver vias não declaradas de produção de material nuclear".
Militares iranianos teriam tentado, às vezes com sucesso, adquirir equipamentos nucleares e de uso civil e militar, diz o documento, um dos mais delicados dos últimos anos, que vem precedido por muitas especulações, especialmente em Israel, sobre um possível ataque armado para neutralizar o programa atômico do Irã.
De acordo com a AIEA, que investiga há oito anos as atividades nucleares iranianas, Teerã já produziu quase cinco toneladas de urânio enriquecido, mais que o suficiente, segundo especialistas internacionais, para fabricar várias bombas. O uso bélico do urânio enriquecido depende do grau de pureza de um combustível que pode ser usado tanto com fins militares como civis.
Por isso, o Conselho de Segurança da ONU exige há quase cinco anos que o Irã suspenda o enriquecimento como medida para criar confiança internacional. Teerã se recusa a interromper o programa, alegando que tem direito de produzir urânio e que seu projeto nuclear tem fins exclusivamente energéticos e científicos.
O relatório detalha ainda que os iranianos já produziram 73,7 quilos de urânio enriquecido até 20%. O Irã alega que pretende utilizar o material para um reator civil para produzir isótopos destinados à luta contra o câncer.
No entanto, os especialistas advertem que aumentar o grau de pureza do combustível atômico aproxima muito o Irã da capacidade de produzir urânio enriquecido acima dos 80% necessários para uma bomba.
O número de centrífugas de urânio instaladas na usina de enriquecimento em Natanz (centro do Irã) se mantém estável há meses, em torno das 8 mil unidades. Isso contradiz os planos oficiais de Teerã de chegar às 50 mil para a produção industrial de combustível nuclear.
Estados Unidos, Israel e os países da União Europeia temem que, sob o pretexto de um programa civil, o Irã pretende obter conhecimentos para produzir uma bomba nuclear.
O governo do Irã classificou como "ridículo e inventado" o relatório da AIEA. Em um longo comunicado divulgado pela agência estatal de notícias do Irã, a Irna, foi informado que analistas iranianos "refutam totalmente um relatório tão ridículo, inventado pelos serviços de inteligência ocidentais que, na atualidade, controlam totalmente (o diretor-geral da AIEA, Yukiya) Amano".
Fontes diplomáticas não identificadas em Teerã disseram, segundo o texto, que em uma visita na última semana a Washington "Amano recebeu ordens para publicar seu relatório neste momento" de grande tensão entre o Irã, de um lado, e os EUA e Israel, do outro.
Amano, afirma a nota, "se fez de omisso em relação aos pedidos de Rússia, China, de alguns países europeus e de outros membros dos Não-Alinhados para manter a neutralidade", e divulgou o relatório, "carente de confiabilidade".
O comunicado afirma que "não foram apresentadas novas provas" a respeito dos dados "supostamente tirados de um computador portátil que foi supostamente roubado de um funcionário iraniano em 2004". Por este motivo, o texto diz que "Amano não tinha novas informações para apoiar suas reivindicações, e está usando os dados de sempre, o que indica que todas as suas afirmações sobre a continuação das atividades nucleares do Irã após 2004 são uma grande mentira".
Ainda de acordo com a nota, Amano teria um documento adjunto de 15 páginas com as provas, mas "segundo analistas de Teerã e da Secretaria da AIEA, esse arquivo não é técnica e legalmente defensável, por isso em breve provocará o descrédito da AIEA".
Os originais das supostas provas, segundo a nota iraniana, estão supostamente nos EUA e "nunca foram vistos nem por analistas iranianos nem pela AIEA, apesar de o Irã ter insistido desde 2007 que elas sejam enviadas a uma equipe independente para que seja determinada sua credibilidade, mas Washington sempre se opôs".
"O uso de material nuclear pelo Irã não está confirmado por nenhum documento ou prova fornecida pela AIEA", diz o texto iraniano, que acrescenta que esses materiais "poderiam estar relacionados a atividades militares convencionais, e não é razoável crer que têm natureza nuclear".
O texto iraniano diz que, segundo fontes diplomáticas, o enviado dos EUA à AIEA, Glen Davis, "preparou ontem [na segunda-feira] um comunicado de 16 páginas e foi pessoalmente falar com jornalistas para lhes pedir que o divulgassem com o máximo tom lacrimogêneo".
A nota cita comentários sobre diversos parágrafos do relatório divulgado nesta terça-feira pela AIEA, considerando-os como "ridículos", e lembra documentos secretos divulgados pelo site Wikileaks nos quais, supostamente, Amano prometia "coordenar suas medidas com as autoridades americanas".
Entre as atividades, a agência da ONU destaca trabalhos no desenvolvimento do que qualifica como um "desenho próprio" para uma arma nuclear, além da compra de informação e documentação de uma rede clandestina de material atômico, segundo um extenso documento confidencial obtido pela Agência Efe. Nele, os inspetores detalham as informações sobre supostas dimensões militares do programa nuclear iraniano como, por exemplo, experimentos com explosivos especiais e o desenvolvimento de detonadores.
Uma fonte diplomática próxima à AIEA e a par das investigações disse à Efe em Viena que "os assuntos detalhados dão uma imagem bastante exaustiva do que se necessita quando se deseja construir uma arma nuclear". Os inspetores da AIEA afirmam que o regime de Teerã realizou "esforços para desenvolver vias não declaradas de produção de material nuclear".
Militares iranianos teriam tentado, às vezes com sucesso, adquirir equipamentos nucleares e de uso civil e militar, diz o documento, um dos mais delicados dos últimos anos, que vem precedido por muitas especulações, especialmente em Israel, sobre um possível ataque armado para neutralizar o programa atômico do Irã.
De acordo com a AIEA, que investiga há oito anos as atividades nucleares iranianas, Teerã já produziu quase cinco toneladas de urânio enriquecido, mais que o suficiente, segundo especialistas internacionais, para fabricar várias bombas. O uso bélico do urânio enriquecido depende do grau de pureza de um combustível que pode ser usado tanto com fins militares como civis.
Por isso, o Conselho de Segurança da ONU exige há quase cinco anos que o Irã suspenda o enriquecimento como medida para criar confiança internacional. Teerã se recusa a interromper o programa, alegando que tem direito de produzir urânio e que seu projeto nuclear tem fins exclusivamente energéticos e científicos.
O relatório detalha ainda que os iranianos já produziram 73,7 quilos de urânio enriquecido até 20%. O Irã alega que pretende utilizar o material para um reator civil para produzir isótopos destinados à luta contra o câncer.
No entanto, os especialistas advertem que aumentar o grau de pureza do combustível atômico aproxima muito o Irã da capacidade de produzir urânio enriquecido acima dos 80% necessários para uma bomba.
O número de centrífugas de urânio instaladas na usina de enriquecimento em Natanz (centro do Irã) se mantém estável há meses, em torno das 8 mil unidades. Isso contradiz os planos oficiais de Teerã de chegar às 50 mil para a produção industrial de combustível nuclear.
Estados Unidos, Israel e os países da União Europeia temem que, sob o pretexto de um programa civil, o Irã pretende obter conhecimentos para produzir uma bomba nuclear.
Irã diz que relatório é "ridículo"
Fontes diplomáticas não identificadas em Teerã disseram, segundo o texto, que em uma visita na última semana a Washington "Amano recebeu ordens para publicar seu relatório neste momento" de grande tensão entre o Irã, de um lado, e os EUA e Israel, do outro.
Amano, afirma a nota, "se fez de omisso em relação aos pedidos de Rússia, China, de alguns países europeus e de outros membros dos Não-Alinhados para manter a neutralidade", e divulgou o relatório, "carente de confiabilidade".
O comunicado afirma que "não foram apresentadas novas provas" a respeito dos dados "supostamente tirados de um computador portátil que foi supostamente roubado de um funcionário iraniano em 2004". Por este motivo, o texto diz que "Amano não tinha novas informações para apoiar suas reivindicações, e está usando os dados de sempre, o que indica que todas as suas afirmações sobre a continuação das atividades nucleares do Irã após 2004 são uma grande mentira".
Ainda de acordo com a nota, Amano teria um documento adjunto de 15 páginas com as provas, mas "segundo analistas de Teerã e da Secretaria da AIEA, esse arquivo não é técnica e legalmente defensável, por isso em breve provocará o descrédito da AIEA".
Os originais das supostas provas, segundo a nota iraniana, estão supostamente nos EUA e "nunca foram vistos nem por analistas iranianos nem pela AIEA, apesar de o Irã ter insistido desde 2007 que elas sejam enviadas a uma equipe independente para que seja determinada sua credibilidade, mas Washington sempre se opôs".
"O uso de material nuclear pelo Irã não está confirmado por nenhum documento ou prova fornecida pela AIEA", diz o texto iraniano, que acrescenta que esses materiais "poderiam estar relacionados a atividades militares convencionais, e não é razoável crer que têm natureza nuclear".
O texto iraniano diz que, segundo fontes diplomáticas, o enviado dos EUA à AIEA, Glen Davis, "preparou ontem [na segunda-feira] um comunicado de 16 páginas e foi pessoalmente falar com jornalistas para lhes pedir que o divulgassem com o máximo tom lacrimogêneo".
A nota cita comentários sobre diversos parágrafos do relatório divulgado nesta terça-feira pela AIEA, considerando-os como "ridículos", e lembra documentos secretos divulgados pelo site Wikileaks nos quais, supostamente, Amano prometia "coordenar suas medidas com as autoridades americanas".
Por Época