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Estudantes votam por greve imediata na USP

Num dia conturbado, em que a Tropa de Choque entrou na reitoria, invadida desde o dia 2, e deteve 75 alunos, uma assembleia decidiu por uma greve imediata dos estudantes na universidade. Foi o ato mais concorrido desde o início da mobilização na USP, no dia 27: segundo os organizadores, cerca de 2 mil alunos participaram. 
A decisão pela greve imediata foi controversa e houve dificuldade em saber se a maioria havia concordado com essa proposta ou preferido um indicativo de greve. O presidente da mesa, Thiago Aguiar, não conseguiu somar os votos pelos braços erguidos. Foi necessário que os estudantes que concordavam com a greve se juntassem do lado direito da assembleia e os demais, no outro.
Com a paralisação, os estudantes que lotaram o vão, as rampas e escadas do prédio da Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) querem pressionar a universidade para a retirada da PM do câmpus, a revogação do convênio da universidade com a Secretaria de Segurança e anulação dos processos administrativos contra estudantes e funcionários.
Uma das propostas apresentadas na assembleia foi a de nova ocupação de prédios, como o da FFLCH, invadido na noite de 27 de outubro, e da reitoria. A proposta não foi a votação, mas os estudantes decidiram incorporar mais duas propostas ao movimento: a não punição administrativa e criminal dos envolvidos na ocupação dos prédios e a criação de um plano paralelo de segurança.
Nesta quarta-feira, 9, comissões de estudantes vão passar nas diversas faculdades para convocar os alunos dos diferentes cursos da USP a participar da greve. Além de integrantes dos cursos de Humanas, havia estudantes dos cursos de Exatas, como Física, Matemática e Computação, apoiando o movimento.
Durante a manhã, alunos já gritavam por greve, sempre sob comando dos líderes sindicais do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e da extrema esquerda do movimento estudantil. Manifestantes bloquearam as duas entradas da Faculdade de Letras da USP. Não houve aulas e apenas uns poucos alunos que chegaram mais cedo conseguiram fazer uma prova, de latim. Um grupo de quatro alunas e dois professores do Cursinho do Crusp, criado no Conjunto Residencial da USP, relatou que não pôde usar as salas – funcionários trancaram as portas porque alunos estavam retirando carteiras para barricadas.

Por Estadão