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Traficante Nem é transferido para o Complexo de Bangu

Nem, o chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, foi transferido nesta quinta-feira (10) para o Complexo Penitenciário de Gericinó, o Complexo de Bangu, na zona oeste da cidade. Antônio Bonfim Lopes era o traficante mais procurado do Rio de Janeiro até o início da madrugada desta quinta, quando foi preso, na Lagoa (zona sul).
Nem passou a noite na sede da Polícia Federal, na zona portuária do Rio, onde prestou depoimento de nove horas. Ali mesmo, foi submetido a exame de corpo de delito, juntamente com outros 14 presos, nas últimas horas, suspeitos de envolvimento com o tráfico. Entre eles, Peixe e Coelho, apontados como principais comparsas de Nem.  Todos foram transferidos para Bangu.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, vai tentar deixá-los o menor tempo possível no Estado. Ele afirmou, em entrevista à Rádio CBN, que vai pedir a transferência de Nem e outros traficantes para um presídio federal. Esse foi o procedimento adotado após a prisão de outro chefe do tráfico, no fim do mês passado. Polegar, que dominava o Morro da Mangueira, foi levado de Bangu para a Penitenciária de Segurança Máxima de Porto Velho, em Rondônia.
 
Como foi a prisão de Nem 
 
Nem foi encontrado no porta-malas de um Corolla, no início da madrugada desta quinta-feira (10), na Lagoa. A secretaria de Segurança Pública do Estado anunciou no começo da semana que a Rocinha seria ocupada em breve e receberia a próxima Unidade de Polícia Pacificadora. Por isso, todos os acessos da favela estavam sob vigia, com revista em nos veículos que passavam.

O carro em que Nem estava, um Corolla preto, foi abordado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar em uma das saídas da favela. Nele, estavam três homens, que se recusaram a permitir a revista. Um deles se dizia cônsul da República do Congo, país africano, e alegou imunidade diplomática para não haver a revista. Outro se dizia funcionário do consulado do país e um terceiro, advogado. Diante da alegação dos suspeitos, os PMs do Batalhão de Choque chamaram a Polícia Federal, procedimento normal para diplomatas de outro país.
Segundo a polícia, o homem que se dizia cônsul do Congo afirmou que só abriria o carro em uma delegacia. No caminho para a delegacia, porém, os homens teriam parado o veículo e oferecido R$ 20 mil para passarem ilesos. Com a recusa dos policiais, a oferta de suborno chegou a R$ 1 milhão. Os homens da PF, então, realizaram a revista do carro e encontraram Nem.
Ele foi levado para a sede da PF. Lá, foi identificado imediatamente e não tentou resistir à prisão. De acordo com o delegado da PF Victor Poubel, Nem deu “graças a Deus” por ser preso pela Polícia Federal e não pela Polícia Militar, por temer sofrer humilhações nas mãos de determinados integrantes da PM.
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, está em viagem na Alemanha e celebrou o sucesso da estratégia que está sendo usada pelas forças de segurança do Rio: tirar o território das gangues que comandam o tráfico de drogas. Segundo Beltrame, a prisão de Nem na Lagoa revela a fragilidade da situação dos traficantes.
Nem não foi o único traficante de drogas que tentou deixar a Rocinha antes da instalação da nova UPP. Na tarde de quarta-feira, quatro policiais civis e militares e pelo menos 12 criminosos foram presos pela Polícia Federal. Os policiais estavam escoltando os criminosos para fora da favela, quando foram presos por agentes da PF. Nesta quinta-feira, o comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, foi à sede da PF e disse que o cerco vai continuar nos acessos da Rocinha. "Eles estão tentando fugir da favela. Continuaremos revistando todos no entorno da comunidade", afirmou.

Por Época