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O Reino Unido da Sapucaí

A quinta escola a desfilar será a Unidos da Tijuca. O carnavalesco Paulo Barros promete surpreender com um enredo um pouco diferente dos que ele apresentou nos últimos anos. Vai homenagear o cantor nordestino Luiz Gonzaga. Para celebrar o centenário do Rei do Baião e do Sertão, Paulo Barros convida diversos reis e rainhas para desembarcarem na Sapucaí e fazerem a coroação, como Michael Jackson, Joãosinho Trinta, D. Pedro... Um dos carros da escola terá efeitos com água, retratando o Rio São Francisco e a Piracema. Outra alegoria traz os componentes em gangorras. Paisagens sertanejas estarão em todo o desfile da Tijuca. Paulo Barros guarda a sete chaves outras surpresas que prepara para o desfile. A comissão de frente é outro mistério, sempre traz algo novo desde 2010, e esse ano não vai ser diferente. Em 2011, a Unidos da Tijuca foi vice-campeã do Grupo Especial.O segundo dia de desfiles do Grupo Especial ainda terá a Grande Rio.
Um dos pilares do carnaval carioca, a Mangueira fez história na avenida com uma paradona de mais de dois minutos da bateria de Mestre Aílton. A escola homenageou um dos mais tradicionais blocos carnavalescos do Rio: o Cacique de Ramos. O desfile celebrou os 50 anos do Cacique. Um dos carros lembrou a Tamarineira, árvores símbolo do Cacique de Ramos, que está plantada na sede do bloco. Outra alegoria lembrou o bloco 'Bafo da Onça', eterno rival do Cacique.
O Salgueiro tinha lindas alegorias e alas para contar a história do cordel, tema bem diferente dos enredos futuristas que Renato Lage (carnavalesco da escola ao lado da mulher, Marcia Lávia) costuma apresentar. A escola não chegou a fazer um desfile fora de série, mas veio muito bem. Só teve que correr muito no fim quando, passada uma hora e oito minutos, tinha meia escola para chegar à Apoteose. O último carro passou voando pelo setor 9. A escola tijucana, que vem tradicionalmente grande, desta vez veio com carros menos pesados. o xote no samba foi um grande destaque da bateria Furiosa e pegou. A ala das baianas fez bonito, com todas rodando em lindas roupas de cangaceira, para lembrar Maria Bonita. A alegoria com bicicletas tripuladas nas lateriais do pavão e bandeirinhas em cima encantou a plateia. Também havia lindas alas, como a de Antônio Conselheiro, com integrantes usando vestes de padre estilizadas, em tom terroso, com estampas sertanejas nas barras, e carregando uma espécie de cajado com o espírito Santo na ponta.
Ao falar de uma ilha, o Reino Unido, a União da Ilha acabou trazendo para a avenida a nobreza do samba da Ilha do Governador. E as fantasias ricas e bem acabadas do carnavalesco Alex de Souza souberam manter as características da escola, brincalhona e irreverente. Foi grande o impacto da chegada da comissão de frente à avenida, com a carnavalesca Maria Augusta de rainha da Inglaterra, ao lado do gari Sorriso, com uniforme de gala, em uma imponente carruagem, acompanhada de cavalos reais. A bandeira insulana vinha na vassoura de sorriso, que levantou o público. Outros dois bons momentos da Ilha na avenida foram a ala que encenava a tragédia de Romeu e Julieta, e a dos chá das cinco, com integrantes fantasiados de xícaras em volta de uma foliã fantasiada de bule, cuja tampa era uma sombrinha. As alas que formavam os cinco arcos olímpicos, com integrantes em azul, preto, amarelo, vermelho e verde brincando de roda, já no último setor, arrancaram palmas. O refrão "a minha Ilha é ouro e prata, tem o bronze da mulata" cresceu na voz de Ito melodia e foi bem cantado na Sapucaí.
Única representante da Zona Sul no Grupo Especial, a São Clemente levantou a avenida com as paradinhas da bateria, que trouxe até solos de violino. A escola, que cantou um enredo sobre espetáculos musicais de sucesso, surpreendeu na parte estética, com inovações como uma imensa mulata infável, que parecia sambar enquanto flanava sobre o último setor da escola. A São Clemente fez um desfile bem correto, de quem pretende continuar no grupo especial, embora não tenha ousado, muito nem sido irreverente como poderia, apesar do samba fácil que possibilitava isso. O refrão "tem bububu no bobobó" não chegou a pegar na avenida. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson e Monique, fez sucesso com o público e foi muito aplaudido. Ele, caracterizado com máscara e rabo, carregava uma flor vermelha para cortejar sua bela. Outro destaque foi a ala de Cats, com integrantes vestidos com quentíssimas roupas de gato que iam em direção às frisas para mostrar as garras para o público, como no musical.
Para fechar os desfiles deste ano, a Grande Rio aposta na superação como tema do seu desfile. O enredo surgiu após o barracão da escola ter sido completamente destruído no incêndio que atingiu quatro barracões da Cidade do Samba em 2011. A escola de Duque de Caxias foi a mais afetada, mas conseguiu reconstruir o carnaval e ir para a avenida em menos de um mês. No enredo deste ano, a tricolor vai mostrar história e personagens que superaram obstáculos na vida. Estarão no desfile atletas paraolímpicos, como o velejador Lars Grael e a técnica de ginástica Georgette Vidor, entre outros. A escola reúne muitos artistas como a atriz Suzana Vieira e as apresentadoras Luciana Gimenez e Ana Hickmann. A rainha de bateria é Ana Furtado, que estreia no posto.

Por O Globo