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'Não há crise nenhuma', diz Dilma Rousseff a revista

A presidente Dilma Rousseff negou que exista uma crise no Congresso Nacional entre o governo e a base aliada em entrevista à revista Veja publicada neste fim de semana. “Não há crise nenhuma. Perder ou ganhar votações faz parte do processo democrático e deve ser respeitado”, afirmou.
Para a presidente, só existe crise quando se perde legitimidade e “não se pode ganhar todas”. Na última semana, discordâncias entre os aliados adiaram as votações da Lei Geral da Copa e do Código Florestal. Antes disso, diante de derrotas amargadas por Dilma, o senador e ex-presidente Fernando Collor fez discurso alertando-a de que perdeu o cargo por não ter uma boa relação com o Congresso. Sobre as afirmações de Collor, Dilma rebate dizendo que as grandes crises não ocorrem por pequenas discordâncias, mas pela perda de legitimidade do governante.
Dilma negou também que as trocas nas lideranças do Congresso tenham ocorrido em função da crise. ”Não gosto desse negócio de toma lá da cá. Não gosto e não vou deixar que isso aconteça no meu governo”, afirmou. Ela alega que os parlamentares vivem um momento tenso, natural em um ano de eleições municipais.
Sobre as inúmeras mudanças que realizou no ministério, a presidente avalia que para evitar corrupção os processos devem ser claros e os resultados lógicos de forma que não sobre espaço para fraquezas dos indivíduos. “Nós temos de ser o mais avesso possível aos malfeitos. Não vou transigir”, prometeu sem deixar de ponderar que nem todos os que saíram do governo estavam envolvidos com irregularidades. “Alguns pediram para sair para evitar a superexposição ou para se defender adas acusações que sofreram”, explicou.

Impostos e protecionismo

A entrevista à revista Veja foi concedida na quinta-feira, dia 22, após reunião da presidente com 25 empresários. Ela afirmou que concorda com a reclamação recebida de que os impostos cobrados no Brasil são altos e prometeu baixá-los. Para isso, avalia que o Brasil precisa exportar e ganhar mercados e disse que vai cobrar dos empresários que eles assumam riscos.
A presidente também rechaçou o protecionismo, o que classificou como uma maneira permanente de ver o mundo exterior como hostil, que leva ao fechamento da economia. “Isso não faremos. Já foi tentado no passado no Brasil com consequências desastrosas para o nosso desenvolvimento”, afirmou. “Não vamos repetir esse erro. Não vamos fechar o país”, acrescentou. Entretanto, garantiu que o Brasil vai seguir tomando medidas defensivas às pressões externas que trazem capital especulativo para o país.
Para a presidente, o Brasil está em situação de dizer aos países ricos que “não queremos o dinheiro deles”. Por isso, segundo ela, disse à chanceler alemã Angela Merkel (em visita à Europa no início do mês) que o Brasil não quer ser visto como destinação de capital especulativo ou apenas como mercado consumidor dos produtos que eles exportam”.
Por iG