Patrimônio de Demóstenes quadruplicou após eleição
Quatro meses depois das eleições de 2010, o patrimônio do senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO) praticamente quadruplicou. O
parlamentar comprou do seu suplente, o empresário Wilder Morais, um
apartamento em um dos prédios mais luxuosos de Goiânia (GO), no valor de
R$ 1,2 milhão. A transação imobiliária ocorreu três meses após a
Construtora Orca, de propriedade de Wilder, comprar o imóvel de outra
empresa goiana.
Em 2010, quando se reelegeu senador, Demóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 374 mil. Na relação de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia nenhum imóvel. O parlamentar listou um carro de R$ 102,4 mil e R$ 63,3 mil em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações financeiras que não chegavam a R$ 10 mil.
Os valores apresentam uma pequena redução quando comparados aos que o parlamentar declarou ter em 2006, quando ele concorreu ao governo de Goiás. Naquela época, Demóstenes informou que morava em uma casa no Jardim América, bairro classe média de Goiânia, com a ex-mulher, Leda Torres. O valor estimado do imóvel era de R$ 70 mil e, a área de lazer vizinha ao sobrado, R$ 65 mil.
A certidão do Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia mostra que o senador pagou R$ 400 mil à vista pelo apartamento de luxo. O restante teria sido financiado pelo Banco do Brasil. No entanto, o contrato de compra e venda não foi registrado.
Ocupando todo o 15.º andar do Edifício Parque Imperial, o apartamento tem 701 metros quadrados, com living, sacadas, biblioteca, sala de jantar, lavabo, sala de estar, saleta, quatro áreas de serviços, dois quartos de empregada, suítes com closet, rouparia, louceiro, copa, cozinha e depósito. O imóvel fica no Setor Oeste, um dos mais nobres de Goiânia.
Corretores imobiliários ouvidos pelo Estado afirmaram que o apartamento estaria estimado em R$ 2 milhões. O Parque Imperial seria o antecessor do Edifício Excalibur no mercado de prédios de luxo na capital goiana.
Promotor de Justiça, Demóstenes optou pelo salário de senador ao assumir o cargo e recebe mensalmente R$ 26,7 mil. Sua atual mulher, Flávia Gonçalves Coelho, é advogada. Foi aprovada no ano passado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo documentação apresentada no cartório, Flávia é funcionária pública estadual. O Estado não localizou seu nome na relação de funcionários do governo de Goiás.
Reforma. Casados desde julho do ano passado, Demóstenes e Flávia fizeram uma ampla reforma no apartamento do Parque Imperial. Parte dos móveis que decoram o apartamento foi comprada com a ajuda do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo mostram, por exemplo, o contraventor intermediando a aquisição e entrega de uma mesa de jantar que a mulher de Demóstenes queria comprar na Argentina.
“Eu e Flávia vamos quarta-feira na Argentina, queria ver com você porque a Flávia quer uma mesa de um antiquário e nós tivemos problema lá em Praga. Nós compramos umas coisas e até agora está retido. Um trem esculhambado. Será que o Roberto consegue trazer para nós?”, questiona o senador em conversa com Cachoeira em 17 de junho. “Na hora. Pode comprar que eu dou um jeito,” responde o contraventor.
A mulher, segundo o senador, teria visto a mesa de jantar para oito ou dez lugares na internet. “Até que não é caro, mas é difícil de trazer”, comenta Demóstenes. Cachoeira tranquiliza o senador e garante que vai providenciar a compra e a entrega. Segundo a PF, a mesa que Flávia queria e que Demóstenes não achou cara custa U$ 18 mil.
Em conversa com Cachoeira, a mulher de Demóstenes fica em dúvida sobre o preço: “É U$ 18 mil ou U$ 21 mil”. Em seguida, ela confirma o valor mais baixo, que segundo a cotação do dólar equivale a R$ 34 mil.
Eletrônicos. Meses antes, Demóstenes encomendou a Cachoeira e seus funcionários que trouxessem de Miami aparelhos de som, projetor, cabos de áudio e vídeo e outros equipamentos eletrônicos. Em uma ligação para o senador, o contraventor diz: “Eu tô com o Gleyb aqui e tô vendo com ele para a gente comprar aquele negócio lá do som.” Demóstenes responde: “Maravilha, professor”. A compra estava na lista de prioridades de Cachoeira porque o parlamentar queria inaugurar o apartamento.
No início da crise envolvendo o senador e Cachoeira, Demóstenes afirmou que ganhou de presente de casamento de Cachoeira a cozinha do novo apartamento. As interceptações telefônicas mostram a negociação do contraventor para comprar os eletrodomésticos que custaram R$ 27 mil. Em uma das conversas, Carlinhos diz que Gleyb está mandando o dinheiro para Mauro Sebben (contato de Carlinhos Cachoeira que mora em Miami) despachar com urgência a cozinha que Cachoeira encomendou nos Estados Unidos para presentear Demóstenes. Em outra conversa, ele pede para Demóstenes cobrar de Flávia o e-mail com detalhes sobre a geladeira e o fogão.
Além de advogada, Flávia intitula-se cozinheira. “Sou daquelas cozinheiras que adoram cozinhar e não esperam o veredicto dos comensais sobre a comida, sentam-se à mesa e apreciam, com direito a fazer coro ao ‘huummm’. Modéstia à parte, cozinho bem”, postou em sua coluna de gastronomia no blog do senador.
“Sou uma advogada que consome muitos livros, a maioria de... Acertou quem pensou gastronomia e assuntos afins. Se eu lesse livros de direito com tanta voracidade como os de pasta e fagioli seria uma sumidade no mundo jurídico”, publicou em janeiro deste ano.
Em 2010, quando se reelegeu senador, Demóstenes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 374 mil. Na relação de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não havia nenhum imóvel. O parlamentar listou um carro de R$ 102,4 mil e R$ 63,3 mil em contas bancárias. Informou ainda ter duas aplicações financeiras que não chegavam a R$ 10 mil.
Os valores apresentam uma pequena redução quando comparados aos que o parlamentar declarou ter em 2006, quando ele concorreu ao governo de Goiás. Naquela época, Demóstenes informou que morava em uma casa no Jardim América, bairro classe média de Goiânia, com a ex-mulher, Leda Torres. O valor estimado do imóvel era de R$ 70 mil e, a área de lazer vizinha ao sobrado, R$ 65 mil.
A certidão do Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia mostra que o senador pagou R$ 400 mil à vista pelo apartamento de luxo. O restante teria sido financiado pelo Banco do Brasil. No entanto, o contrato de compra e venda não foi registrado.
Ocupando todo o 15.º andar do Edifício Parque Imperial, o apartamento tem 701 metros quadrados, com living, sacadas, biblioteca, sala de jantar, lavabo, sala de estar, saleta, quatro áreas de serviços, dois quartos de empregada, suítes com closet, rouparia, louceiro, copa, cozinha e depósito. O imóvel fica no Setor Oeste, um dos mais nobres de Goiânia.
Corretores imobiliários ouvidos pelo Estado afirmaram que o apartamento estaria estimado em R$ 2 milhões. O Parque Imperial seria o antecessor do Edifício Excalibur no mercado de prédios de luxo na capital goiana.
Promotor de Justiça, Demóstenes optou pelo salário de senador ao assumir o cargo e recebe mensalmente R$ 26,7 mil. Sua atual mulher, Flávia Gonçalves Coelho, é advogada. Foi aprovada no ano passado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo documentação apresentada no cartório, Flávia é funcionária pública estadual. O Estado não localizou seu nome na relação de funcionários do governo de Goiás.
Reforma. Casados desde julho do ano passado, Demóstenes e Flávia fizeram uma ampla reforma no apartamento do Parque Imperial. Parte dos móveis que decoram o apartamento foi comprada com a ajuda do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo mostram, por exemplo, o contraventor intermediando a aquisição e entrega de uma mesa de jantar que a mulher de Demóstenes queria comprar na Argentina.
“Eu e Flávia vamos quarta-feira na Argentina, queria ver com você porque a Flávia quer uma mesa de um antiquário e nós tivemos problema lá em Praga. Nós compramos umas coisas e até agora está retido. Um trem esculhambado. Será que o Roberto consegue trazer para nós?”, questiona o senador em conversa com Cachoeira em 17 de junho. “Na hora. Pode comprar que eu dou um jeito,” responde o contraventor.
A mulher, segundo o senador, teria visto a mesa de jantar para oito ou dez lugares na internet. “Até que não é caro, mas é difícil de trazer”, comenta Demóstenes. Cachoeira tranquiliza o senador e garante que vai providenciar a compra e a entrega. Segundo a PF, a mesa que Flávia queria e que Demóstenes não achou cara custa U$ 18 mil.
Em conversa com Cachoeira, a mulher de Demóstenes fica em dúvida sobre o preço: “É U$ 18 mil ou U$ 21 mil”. Em seguida, ela confirma o valor mais baixo, que segundo a cotação do dólar equivale a R$ 34 mil.
Eletrônicos. Meses antes, Demóstenes encomendou a Cachoeira e seus funcionários que trouxessem de Miami aparelhos de som, projetor, cabos de áudio e vídeo e outros equipamentos eletrônicos. Em uma ligação para o senador, o contraventor diz: “Eu tô com o Gleyb aqui e tô vendo com ele para a gente comprar aquele negócio lá do som.” Demóstenes responde: “Maravilha, professor”. A compra estava na lista de prioridades de Cachoeira porque o parlamentar queria inaugurar o apartamento.
No início da crise envolvendo o senador e Cachoeira, Demóstenes afirmou que ganhou de presente de casamento de Cachoeira a cozinha do novo apartamento. As interceptações telefônicas mostram a negociação do contraventor para comprar os eletrodomésticos que custaram R$ 27 mil. Em uma das conversas, Carlinhos diz que Gleyb está mandando o dinheiro para Mauro Sebben (contato de Carlinhos Cachoeira que mora em Miami) despachar com urgência a cozinha que Cachoeira encomendou nos Estados Unidos para presentear Demóstenes. Em outra conversa, ele pede para Demóstenes cobrar de Flávia o e-mail com detalhes sobre a geladeira e o fogão.
Além de advogada, Flávia intitula-se cozinheira. “Sou daquelas cozinheiras que adoram cozinhar e não esperam o veredicto dos comensais sobre a comida, sentam-se à mesa e apreciam, com direito a fazer coro ao ‘huummm’. Modéstia à parte, cozinho bem”, postou em sua coluna de gastronomia no blog do senador.
“Sou uma advogada que consome muitos livros, a maioria de... Acertou quem pensou gastronomia e assuntos afins. Se eu lesse livros de direito com tanta voracidade como os de pasta e fagioli seria uma sumidade no mundo jurídico”, publicou em janeiro deste ano.
Por Estadão