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Conservadores declaram vitória na Grécia e propõem união nacional

O partido conservador Nova Democracia (ND), liderado por Antonis Samaras, foi o partido mais votado nas eleições legislativas gregas deste domingo (17), segundo os primeiros resultados oficiais com quase 60% dos votos apurados. O ND obteria 30,61% dos votos enquanto a formação de esquerda Syriza alcançaria 25,83%.
Após a divulgação dos primeiros dados, Samaras se proclamou vencedor das eleições gregas e convidou os outros partidos a formar um Executivo de salvação nacional. "O povo heleno votou hoje pela permanência do país na eurozona e a favor das forças políticas que trarão desenvolvimento e emprego", disse o dirigente conservador. “Para isso, convidamos todas as forças políticas que acreditam nisso a participar de um governo de salvação nacional.”
O líder do Nova Democracia se comprometeu a aplicar "políticas europeias" para garantir o desenvolvimento do país. "Trabalharemos para que o país saia da crise", afirmou. Segundo ele, do voto do povo sairá um governo estável com orientação pró-europeia.
Alexis Tsipras, dirigente do partido esquerdista Syriza, reconheceu sua derrota, mas disse que seguirá rejeitando o pacto de austeridade com a União Europeia como principal partido da oposição. "Embora o Syriza não seja o partido mais votado, é a primeira força da oposição contra o memorando (de austeridade)", afirmou o jovem dirigente progressista, advertindo que exercerá uma oposição forte e reiterou que acabar com as políticas de poupança é a única saída para a Europa.
Tsipras disse ainda que seu partido lutou para que o país e a Europa mudassem de rumo, e que o resultado eleitoral mostra uma consistente oposição entre os eleitores às políticas de austeridade. "Em um mês e meio o povo desaprovou o memorando em duas ocasiões. E o governo não pode fazer o que quer sem levar o povo em conta", afirmou em alusão também às eleições do último dia 6 de maio.
De acordo com uma estimativa de resultados da Syngular Logic, a empresa que se encarrega de computar os votos, com 60% dos votos apurados, por volta das 18h (horário de Brasília), o ND alcançaria 130 cadeiras; o Syriza, 72; o Pasok, 34; Gregos Independentes, 20; Aurora Dourada, 18; Esquerda Democrática, 17; e o Partido Comunista, 12.
Dessa forma, ND e Pasok, parceiros no governo anterior que pactuou as medidas de austeridade com a União Europeia, obteriam 164 cadeiras, acima da maioria absoluta de 151, o que lhes permitiria formar um Executivo de coalizão.
Cerca de 9,9 milhões de gregos estavam convocados a votar nestas eleições depois que o pleito do último dia 6 de maio resultou em uma fragmentação do Parlamento que impediu a formação de governo.
As eleições de hoje são consideradas cruciais para o futuro da Grécia dada a muito delicada situação financeira do país mediterrâneo, afligido por uma elevada dívida soberana e um forte empobrecimento da população.
A Grécia se encontra no quinto ano de recessão e enfrenta duras medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais como contrapartida para receber créditos destinados a pagar sua dívida.
 
Votação


O dia de votação, apesar da paixão despertada pela disputa, transcorreu em calma em praticamente todo o país, com exceção de alguns incidentes isolados. No bairro ateniense de Exarhia, conhecido por sua militância anarquista e por votar em partidos de esquerda, uma dezena de pessoas entrou na sala de aula de um colégio eleitoral pouco depois do término da votação e ateou fogo em uma urna com as cédulas dentro.
Também em Atenas, desconhecidos lançaram duas granadas no edifício da emissora conservadora Skaï, mas não houve explosões. "Alguns tentam perturbar o processo eleitoral. Mas a democracia não pode ser aterrorizada", disse Dimitris Tsiodras, porta-voz do governo interino.
Também na Ilha de Zante, no Mar Jônico, aconteceu um incidente violento quando um jovem se aproximou de um colégio eleitoral armado com uma escopeta e disparou dois tiros para o ar antes de fugir.
Em Salônica, um pai e seu filho destroçaram uma urna depois que a assessora jurídica lhes pedisse que preenchessem o envelope de votação atrás de um biombo, para cumprir a obrigatoriedade do segredo de voto imposto pela lei grega. A votação foi interrompida durante várias horas, até que a urna fosse substituída. Os dois agressores foram detidos.

Por Época