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PSDB defende Perillo e critica direcionamento da CPI

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta terça-feira que o partido mantém total confiança no governador de Goiás, Marconi Perillo, apesar das constantes denúncias sobre sua ligação com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. "O PSDB não tem dúvidas sobre a conduta do governador Marconi Perillo. Todas as questões levantadas até agora sobre ele foram explicadas, absolutamente justificadas", disse Guerra.
O dirigente do PSDB condenou a tentativa de reconvocar Perillo para falar à CPI do Cachoeira e disse que o PT usa a comissão para atingir a oposição às vésperas das eleições municipais e do julgamento do mensalão, que começará em agosto. Exaltado, o tucano prometeu reagir: "Vamos enfrentar essa gente onde for preciso. Nas urnas, como estamos fazendo, e no Congresso também", afirmou.
Perillo é acusado de usar a venda de sua casa a Carlinhos Cachoeira para receber cerca de 500.000 reais da construtora Delta. Em troca, ele teria liberado pagamentos que beneficiaram a empreiteira.
Os tucanos argumentam que o governo federal repassou para a Delta 3,7 bilhões de reais desde 2005, ante 53 milhões do governo de Goiás desde o início da gestão de Perillo, no ano passado.
No balanço feito pelo partido com base em repasses feitos pelo governo federal desde 2003, órgãos chefiados pelo PR aparecem no topo da lista na lista de pagamentos à Delta, graças ao Ministério dos Transportes. Em seguida, aparecem PMDB, PT e PSDB.
Os integrantes do PSDB chamaram de "requentadas" as denúncias sobre novos indícios de irregularidades na venda da casa de Perillo em Goiânia. Conversas gravadas pela Polícia Federal mostram o ex-vereador Wladimir Garcez conversando com Cachoeira sobre a transação. "Ambos, cada qual ao seu modo, tentam de uma forma ou de outra tentam demonstrar um poder que não detêm utilizando o nome do governador", disse o deputado Carlos Sampaio (SP).
Para o líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), as acusações contra Marconi precisam ser apuradas, mas a CPI não deve gastar tempo ouvindo novamente o governador de Goiás. Na avaliação do senador paranaense, a comissão deve priorizar ouvir outros personagens: Fernando Cavendish, ex-diretor da Delta, Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-presidente da estatal Valec.
"Nós temos que trazer à CPI o Cavendish, o Pagot, o Juquinha, o Cachoeira. Ou essa CPI traz imediatamente estes convocados ou ela se transforma numa farsa", disse Alvaro Dias.

Reação - O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), rebateu as acusações dos tucanos. "Não fomos nós que escolhemos que o caso Cachoeira viesse a coincidir exatamente no ano do julgamento do mensalão", rebateu o petista, que foi um dos primeiros a pedir a criação da CPI do Cachoeira.
O parlamentar disse que não há consenso na bancada petista sobre o pedido de reconvocação de Perillo. Segundo ele, alguns parlamentares acreditam que o partido já deve ir mais longe e pedir o impeachment do governador de Goiás: "Há divergências dentro do PT. Alguns acham que ele deveriam vir. Outros acham que a gente deveria aplicar ao Perillo o mesmo remédio que se aplicou ao Demóstenes", afirmou o senador baiano, que diz estar convencido da relação de Perillo com o grupo de Cachoeira.
Pinheiro também rejeitou a afirmação de que a Polícia Federal foi usada politicamente pelo governo petista: "Eu não sei se alguém no passado fez isso. Talvez alguém tenha feito isso na Polícia Federal no passado e achou que era possível se fazer agora", provocou.

Por Veja