|

Goleiro Bruno é punido na cadeia após enviar carta a TV

As últimas manobras do advogado Rui Caldas Pimenta para a defesa do goleiro Bruno Fernandes acabaram se voltando contra o seu cliente, que é acusado de planejar a trama macabra que atraiu sua ex-amante Eliza Samudio para a morte. Nesta sexta-feira, Bruno foi punido pela administração do presídio de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, depois que Pimenta levou uma carta do acusado a um apresentador de uma emissora de TV em Minas Gerais, que foi lida ao vivo na tarde de quinta-feira.
O ex-jogador está temporariamente afastado do trabalho diário de faxina no pavilhão da unidade e não poderá sair de sua cela, a não ser para as duas horas diárias de banho de sol - direito concedido a todos os detentos. É nesse intervalo que o atleta aproveita para treinar, pois ainda tem esperança de voltar ao futebol. Na carta, Bruno assume a paternidade de Bruninho, filho de Eliza, e diz que seu erro foi ter "confiado em algumas pessoas", mas não cita nomes. Ele, que se tornou evangélico após ser preso, fala de Deus e volta a alegar inocência: "Nunca desejei, ordenei ou determinei, a quem quer que seja, o desaparecimento de Eliza Samudio. Vou lutar com todas as forças para provar ao mundo que sou inocente".
Sem poder trabalhar, Bruno perde o benefício da remissão de pena e um salário mensal de 466 reais. Com a função, conquistada por bom comportamento, três dias de trabalho do detento representam um dia a menos de prisão. Na segunda-feira, Bruno será ouvido pela Comissão Disciplinar do Complexo Prisional, que vai determinar o fim do recolhimento em cela ou o prazo de extensão da medida. A reportagem do site de VEJA tentou falar com Rui Pimenta, mas ele não atendeu as ligações.
Em nota, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Minas Gerais (OAB-MG), também será notificada devido ao fluxo de cartas do detento escritas por orientação dos advogados de defesa. De acordo com a Seds, toda a correspondência dos presos têm de passar por um departamento específico, onde os documentos são registrados e conferidos. O objetivo é resguardar a segurança da sociedade e da unidade prisional. A nota diz que o goleiro "cometeu um erro disciplinar ao ignorar as regras de segurança do Complexo Penitenciário Nelson Hungria e enviar, fora dos trâmites legais, uma carta ao público externo à unidade, por meio de seu advogado".

Romance e ciúmes - No sábado, uma outra carta de Bruno revelava o esquema arquitetado para sequestrar e assassinar Eliza, como revelou com exclusividade reportagem de VEJA desta semana. O destinatário dessa vez era Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, em um texto no qual o goleiro falava sobre um "plano B". A suspeita é de que seja um pedido de Bruno para que o amigo assumisse a morte de Eliza Samudio. Em troca, o atleta sustentaria as duas famílias e os honorários com os advogados.
Quando o documento veio à tona, Rui Pimenta disse que se tratava, na verdade, do rompimento de uma relação amorosa entre o Bruno e Macarrão. O advogado afirmou ainda que o secretário de Bruno nutria um "amor homossexual" pelo goleiro, o que o teria motivado a matar a amante dele, de quem sentia "ódio e ciúmes". Por causa das insinuações, o advogado de Macarrão entrou com uma medida preparatória de um processo de difamação contra o colega, pedindo que ele se explique na Justiça.

Por Veja