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Ideli Salvatti reclama de líder do governo para Dilma

Após atritos com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) foi chamada pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (12) para avaliar a situação da articulação do governo na Casa.
A ministra relatou à presidente as circunstâncias da viagem de Chinaglia aos Estados Unidos, num dia de votação prioritária para o governo: o Plano Brasil Maior, um pacote de medidas para aquecer a economia.
Como a Folha relatou na edição desta sexta-feira (13), Chinaglia deixou Brasília com destino a Chicago (EUA) às 15h da quarta-feira, horas antes de a oposição obstruir a votação da MP que prevê ações para estímulo da indústria nacional.
"A questão da viagem é menos relevante. Os acordos com a oposição foram fechados e parcialmente cumpridos", alegou Chinaglia.
Para desespero do governo, a MP pode ficar para agosto. Segundo sua assessoria, o ministro Guido Mantega (Fazenda) "está muito preocupado", especialmente com o risco de que a MP da desoneração da folha caduque sem que possa vigorar no mês que vem.
O embarque de Chinaglia, para uma visita à filha, obrigou Ideli a assumir o posto de articuladora do governo na Câmara. De tão perdida, a assessoria da ministra chegou a telefonar para líderes de um partido para negociar o voto de deputados de outra sigla.
"Agora, virei líder do governo", reclamou Ideli, segundo relato de interlocutores.
A queda de braço foi explicitada no dia 4, quando Chinaglia chamou os líderes da oposição para costurar um acordo em troca da liberação de emendas. Segundo parlamentares e interlocutores da ministra, Ideli não aprovou a operação.
Chinaglia colocou a ministra no viva-voz para que se comprometesse com a negociação.
Segundos líderes do DEM e do PSDB, ela prometeu liberar até ontem (12) R$ 1 milhão de emendas em saúde e R$1,5 milhão em outras áreas para cada deputado. Mas, como diz Chinaglia, o acordo foi "parcialmente cumprido".
Na noite de quarta, após passar sete horas no Congresso, Ideli pediu prazo de 20 dias para liberação de recursos, sob argumentos de que há embaraços burocráticos na Saúde.
"Depois disso, você compraria um fusca na mão da Ideli? Eu não", reagiu Ronaldo Caiado (DEM-GO), obstruindo a votação.

Por Folha