|

Mercado pressiona Espanha e Europa acena com alívio

Os ministros de Finanças da eurozona chegaram nesta segunda-feira a um acordo político sobre as condições do empréstimo que darão à Espanha para recapitalizar os bancos do país e decidiram disponibilizar 30 bilhões de euros até o final do mês como "contingência", disse o presidente do Eurogrupo.
"Chegamos a um acordo político sobre o memorando de entendimento, sobre as condições para o setor financeiro" espanhol, disse Jean-Claude Juncker, que revelou que o vencimento do empréstimo será de até 15 anos, com uma média de 12,5 anos.
O acordo permitirá disponibilizar para a Espanha um "primeiro desembolso de 30 bilhões de euros até o final do mês, que será mobilizado como contingência, para o caso de necessidades urgentes no setor financeiro", disse o primeiro-ministro de Luxemburgo.
O Eurogrupo prevê dar sua autorização definitiva para o empréstimo europeu no dia 20 de julho, segundo disse afirmou o vice-presidente econômico da Comissão Europeia, Olli Rehn.
"Trata-se de uma decisão importante que foi possível graças ao trabalho muito intenso da equipe da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu, da Autoridade Bancária Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e da boa cooperação das autoridades espanholas", disse Rehn.
"Vamos seguir trabalhando com a mesma intensidade, de modo que o memorando de entendimento possa ser finalizado e aprovado definitivamente em 20 de julho", afirmou.
O comissário também explicou que haverá condições tanto para os bancos individualmente como para o setor em seu conjunto, e que em paralelo a "Espanha terá que cumprir plenamente" com as exigências sob o procedimento por déficit excessivo.

Prazo

Os ministros das finanças da zona do euro vão conceder um ano a mais para que a Espanha atinja a meta de redução de déficit. Em troca, o governo terá de promover novas medidas de austeridade. Hoje, títulos do Tesouro espanhol com vencimento de dez anos atingiram uma taxa de juros de 7% - o patamar é considerado insustentável pelo mercado e indica que o país pode estar próximo de um resgate financeiro.
A decisão dos ministros em conceder um alívio para a quarta maior economia da zona do euro foi tomada hoje, em um encontro em Bruxelas. O governo espanhol terá de encerrar 2012 com um déficit de 6,3% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) - a meta anterior era de 5,3%. Em 2013, o déficit poderá ser de 4,5% ante 3% previsto anteriormente e, para 2014, a expectativa é que o indicador fiquei em 2,8%.
A proposta de alívio fiscal deverá ser apresentada amanhã para os ministros das Finanças da União Europeia (UE).
O governo espanhol não tem conseguido atingir as metas fiscais já definidas por causa da grave recessão e dos problemas com os setores imobiliários e bancários. Em junho, a UE aprovou um pacote de 100 bilhões de euros para resgatar as instituições financeiras espanholas.
Os ministros europeus também acenaram com a criação de um supervisor bancário europeu que usaria fundos do bloco de resgate para estabilizar os mercados de títulos.

Gravidade

A conclusão dos ministros europeus é que a crise atual do continente tem mais força para causar estragos do que a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, nos Estados Unidos. "A crise da zona do euro é muito mais profunda do que a do Lehman", disse Peter Praet, integrante da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE).
O ministro das Relações Exteriores, Jose Manuel Garcia-Margallo, pressionou o BCE a intervir mais fortemente no mercado de títulos. Para ele, é a "única instituição que tem dinheiro para agir". "Por essa razão, o BCE deve intervir nos mercado e começar a comprar títulos da dívida pública para os especuladores entender que vão perder se apostarem contra o euro", disse.
Em resposta, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a melhor solução seria que os países em crise cumprissem com o que foi acordado anteriormente.

Por Estadão