O bisonho legado da primeira-dama

As raras anotações na folha de serviços informam que Marisa Letícia não conseguiu plantar no jardim do Palácio da Alvorada a estrela de sálvias que reproduzia o símbolo do PT, mas conseguiu a cidadania italiana; que viajou como nenhuma outra primeira-dama, mas não escreveu uma só vírgula sobre viagens; que obrigou o prefeito Eduardo Paes a escrever uma carta pedindo desculpas por ter ofendido a Primeira Família, mas ninguém ainda conseguiu obrigá-la a entregar ao patrimônio da União aquelas joias que ganhou numa viagem aos Emirados Árabes.
Informam também que mudou de rosto, mas não de temperamento: de janeiro de 2003 até agora, guardou para dar palpites em casa a voz que raramente usou em público. Fez três discursos sobre três temas distintos, todos divulgados pela coluna.
Marisa Letícia Lula da Silva será lembrada por ter ilustrado exemplarmente uma lição antiga: existe a ausência que preenche uma lacuna.
Por Augusto Nunes, da Veja