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Crise na Líbia leva petróleo ao valor mais alto desde 2008

SÃO PAULO - Os preços do petróleo chegaram hoje a níveis não vistos desde outubro de 2008, com a crise econômica. A revolta popular na Líbia, duramente reprimida, fez o contrato para abril ultrapassar a importante marca psicológica de US$ 100 em Nova York, depois de subir mais de US$ 10 em apenas dois dias.
Após atingir o pico de três dígitos, o contrato do WTI para abril caiu um pouco e fechou o dia a US$ 98,10, com alta de US$ 2,68. O vencimento de maio avançou US$ 3,02, para US$ 99,82.
O petróleo tipo Brent, em Londres, superou a marca de US$ 110, que não era registrada desde setembro de 2008, e fechou a US$111,25 por barril para abril, com aumento de US$ 5,47. Para maio, o aumento foi de US$ 5,12, chegando a US$ 110,91.
Por conta da violência, algumas companhias de petróleo já interrompem operações na Líbia, que tem as maiores reservas da África. A Eni, maior petroleira do país, já paralisou a produção de 224 mil barris de petróleo e gás por dia. A gigante francesa Total, produtora de uma média de 55 mil barris por dia no ano passado, afirmou ter começado a encerrar a operação.
O Barclays Capital estima que a produção de cerca de 1 milhão de barris por dia foi interrompida até agora. Em janeiro, a Líbia produziu quase 1,7 milhão de barris por dia. Há um temor de alastramento dos conflitos para países como Irã e Arábia Saudita. O compromisso da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de impedir o desabastecimento não foi suficiente para acalmar o mercado.
De acordo com o governo da Líbia, cerca de 300 pessoas morreram nos conflitos contra o ditador Muamar Gadafi. Já segundo números da Federação Internacional pelos Direitos Humanos, divulgados hoje, os mortos são pelo menos 640. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas vai realizar uma sessão especial na sexta-feira para discutir a situação no país.

Por O Globo