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Novata, senadora Marinor desafia até José Sarney

Com apenas dois meses de mandato, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) não poupou palavras para criticar o veterano José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, durante as discussões que antecederam a votação do salário mínimo, nesta quarta-feira.
A discussão teve início por causa do regimento interno da Casa. A senadora ficou indignada com a decisão do relator da proposta do mínimo e líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), de excluir as emendas do PSOL da votação. Ela acusou o líder de discriminação ao rejeitar os destaques de seu partido e, ao mesmo tempo, escolher emendas do DEM e do PSDB para serem votadas è parte do texto principal.
Para tentar se impor, Marinor não largou o microfone. Falou por vários minutos sem parar e reclamou diversas vezes de Sarney, que, apesar das intervenções, não conseguiu conter a senadora.
Ela insistiu até com a petista Marta Suplicy (SP), que substituiu Sarney na Presidência durante parte da votação. O presidente teve de se ausentar depois de receber a notícia de que a mulher Marly, sofreu uma queda. Bastaram poucos minutos para que Marta, que ficou conhecida por seu rigor no tempo concedido aos parlamentares, cortasse o microfone da socialista.
Após oito horas de discussão no plenário, Marinor não se dava por vencida. Já rouca, insistia que a emenda apresentada por ela fosse votada em separado, a exemplo das emendas do DEM e do PSDB. Sarney observou a insistência da “senadora que está chegando agora”. Marinor reagiu: “Nao é que estou chegando agora. Tenho 12 anos de mandato no Pará. Estou consciente do regimento. Estou aqui substituindo Jader Barbalho.”
Emendas – O PSOL apresentou uma proposta de reajuste do salário mínimo em 700 reais, que não será votada em plenário. O texto argumenta que “o ex-presidente Lula havia prometido dobrar o poder de comprado salário mínimo em seu primeiro mandato e, para que esta promessa fosse cumprida, o mínimo deveria estar hoje em cerca de 700 reais”.
Outra emenda pedia mudança no cálculo do aumento do salário mínimo com base nos estudos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o valor ideal para que o cidadão consiga arcar com suas despesas básicas. Hoje o reajuste é feito com base na inflação do ano anterior e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Eleições –
Marinor Brito caiu de paraquedas no Senado por causa da Lei da Ficha Limpa. Ela ficou em quarto lugar nas eleições, mas garantiu uma cadeira depois que os candidatos eleitos Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) foram barrados pela Justiça eleitoral.
A professora Marinor, que foi vereadora de Belém, foi proporcionalmente a parlamentar menos votada do Senado, com apenas 27% dos votos.

Por Veja