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Colisão com Palocci derrubou Presidente da Caixa

BRASÍLIA - A queda da presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, tem forte ingrediente político e vai além do episódio do banco Panamericano. Maria Fernanda entrou em rota de colisão com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, por causa do aliado PMDB. Apesar de protegida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não resistiu à pressão.
Palocci sempre defendeu o cumprimento do acordo que contemplava o PMDB na Caixa, mas Maria Fernanda não aceitava a ideia de ter o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima na vice-presidência do banco. Na luta contra Geddel, contou com o apoio do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) - desafeto do peemedebista -, mas acabou perdendo a queda de braço.
Desde que estourou o escândalo do banco Panamericano, Mantega fez de tudo para preservar Maria Fernanda. A avaliação no Palácio do Planalto foi a de que ela não teve culpa pela compra de parte do encrencado banco pela Caixa, no ano passado. Maria Fernanda foi contra a operação - que envolveu Silvio Santos, ex-controlador do Panamericano - , mas o negócio acabou bancado por Mantega.
De lá para cá, o desgaste da executiva só piorou. Após concordar com a permanência de Maria Fernanda na Caixa, Palocci percebeu que ela dava sinais cada vez mais fortes de incômodo com o anúncio da nomeação de Geddel. O chefe da Casa Civil avisou-a então que, se ficasse na Caixa, teria de aceitar Geddel na Diretoria de Pessoas Jurídicas. Além disso, não poderia pedir para sair logo depois porque causaria uma crise política com o PMDB.
Mantega articulou a solução para atenuar o impacto da saída de Maria Fernanda: ela foi convidada para ser representante do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Apadrinhado. Na prática, a nomeação de Geddel atendeu a uma forte pressão do PMDB, que mobilizou até o vice-presidente da República, Michel Temer. Desagradou bastante, no entanto, ao governador da Bahia, que no ano passado enfrentou e venceu Geddel nas urnas.
Geddel foi apadrinhado por Temer. No auge da crise, porém, o PMDB concordou em oferecer outro nome, desde que Geddel fosse para um ministério. Palocci não concordou. Para evitar constrangimentos políticos, Maria Fernanda justificou o pedido como sendo de ordem pessoal.
Geddel assumirá um lugar que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ao PMDB, quando o partido passou a integrar o governo oficialmente. Lula nomeou para a função o ex-governador e ex-deputado Moreira Franco, que juntamente com Geddel comandavam o núcleo de oposição ao governo petista no primeiro mandado (2003 a 2006). Acabaram sendo convencidos a aderir com cargos importantes. Moreira foi para a Caixa e Geddel recebeu o Ministério da Integração Nacional.
Geddel sempre encabeçou as listas entregues pelo PMDB à presidente Dilma Rousseff e a Palocci com os nomes selecionados pelo partido para os cargos de segundo escalão.
Ainda fazem parte da lista de integrantes do PMDB que o partido faz questão de emplacar o ex-governador de Goiás Íris Rezende, sugerido para a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). A recriação da autarquia já foi aprovada pelo Congresso, mas Dilma ainda não assinou o decreto que vai determinar a instalação da estatal. A nomeação de Íris para a Sudeco tem a simpatia tanto de Palocci quanto de Dilma.
O PMDB também quer puxar para outra diretoria da Caixa o ex-governador José Maranhão. Mas há resistências entre alguns ministros muito próximos de Dilma contrários à nomeação dele, além de pressão do PSB, partido do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, adversário de Maranhão. Coutinho acusa Maranhão de ter quebrado o Estado e estourado todas as metas exigidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para a folha do funcionalismo.

Por Estadão