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Cerimônia de beatificação de Irmã Dulce reúne 70.000 em Salvador

Nem a chuva que caiu em Salvador desde a manhã deste domingo foi capaz de tirar o ânimo dos cerca de 70.000 fiéis que acompanharam a festa de beatificação da religiosa baiana Irmã Dulce. As caravanas, vindas de todo o país, começaram a chegar ainda pela manhã ao Parque de Exposições. A beatificação, etapa que antecede a canonização, ocorreu por volta das 18h.
A cerimônia contou com a leitura do decreto de dezembro de 2010 em que o papa Bento XVI insere Irmã Dulce - agora chamada de "Bem-aventurada Dulce dos pobres" - no rol de beatos e santos católicos. Antes, a vida da religiosa foi repassada. Biografia que inclui um milagre: uma mulher do interior da Bahia, teve um filho, sofreu hemorragia e, depois de agonizar por 18 horas e ser desenganada pelos médicos, foi salva pela freira. O processo para a beatificação da freira foi iniciado há onze anos, e esteve em análise no Vaticano desde 2002.
Os portões do Parque de Exposições de Salvador foram abertos por volta das 11h. A partir daí, não cessaram de chegar fiéis. "Perto do que Irmã Dulce fez, enfrentar chuva não é nada", disse, emocionada, a aposentada Maria Conceição Rossi, de Aracaju. "Estar em um evento como este é uma oportunidade de agradecer por todas as graças que recebemos. Há mais de dez anos rezo para que Irmã Dulce não deixe faltar nada na vida de minha família, e só tenho a agradecer."
Caravanas de Sergipe foram as mais numerosas no evento. Foi do estado, vizinho à Bahia, que saiu o caso reconhecido como milagre pelo Vaticano - o que propiciou à religiosa, morta em 1992, ser reconhecida como beata.
A funcionária pública Cláudia Cristiane Santos de Araújo, do município de Malhador, a 49 quilômetros de Aracaju, foi salva de uma intensa hemorragia que a acometeu logo após o parto de seu segundo filho, Gabriel, hoje com dez anos. Cláudia e Gabriel participaram da cerimônia, depositando um arranjo de flores sob a imagem oficial da religiosa, que foi mostrada neste domingo e passará a ser como Irmã Dulce será conhecida entre os católicos do mundo.
Também acompanharam a cerimônia, presidida pelo cardeal d. Geraldo Majella Agnelo - que representa o papa Bento XVI -, a presidente Dilma Rousseff, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, da Bahia, Jaques Wagner, e de Sergipe, Marcelo Déda, o ex-governador paulista José Serra, e o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, além de ministros, deputados e mais de 600 religiosos de todo o país.
Nascida em 26 de maio de 1914, Irmã Dulce pertencia à Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e desenvolveu uma obra filantrópica na Bahia, onde fundou vários hospitais e uma rede de apoio social. Seu nome de batismo era Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes – a adoção do nome Dulce foi uma homenagem à mãe. O "Anjo Bom da Bahia", como era conhecida, faleceu em 13 de março de 1992, aos 77 anos, e pode se tornar agora a primeira santa nascida no Brasil, país com o maior número de católicos do mundo.

Por Veja