Decisão sobre Battisti é 'ato indigno de nação civilizada', diz ministra italiana
A ministra italiana da Juventude, Giorgia Meloni, qualificou na noite de quarta-feira (8) de "ato indigno de nação civilizada e democrática" a decisão do Supremo Tribunal do Brasil de não extraditar o ex-ativista de esquerda Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos.
"A decisão dos juízes do Supremo brasileiro de não autorizar a extradição de um criminoso como Battisti representa a enésima humilhação para as famílias de suas vítimas", declarou Meloni, citada pela agência Ansa.
A decisão da Justiça brasileira constitui "um tapa nas instituições italianas e um ato indigno de uma nação civilizada e democrática", afirmou Giorgia Meloni.
O Supremo recusou a extradição de Cesare Battisti para a Itália, confirmando a decisão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adotada no final de dezembro passado.
O tribunal também decidiu pela libertação do ex-ativista italiano de extrema esquerda, detido no Brasil há quatro anos.
Battisti foi solto na madrugada desta quinta-feira, após o presidente do Supremo, Cezar Peluso, firmar a ordem de libertação.
O italiano estava detido na penitenciária de Papuda, na região de Brasília.
A extradição foi negada por seis ministros do Supremo: Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Ayres Britto e Marco Auréio Mello. Mas Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ellen Gracie defenderam a análise do pedido.
Hoje com 56 anos, Battisti foi condenado à revelia na Itália em 1993 à prisão perpétua por quatro mortes e tentativas de assassinato no final dos anos 70.
"O governo continuará fazendo tudo ao seu alcance, e isto inclui a UE (União Europeia), para que este criminoso comum, que mascarou seus crimes sob a luta política, possa ser finalmente aprisionado em seu país e pagar sua dívida para com o povo italiano", prometeu Meloni.
"Vamos trabalhar muito junto à opinião pública e aos principais dirigentes brasileiros para que compreendam finalmente que Battisti não é um perseguido político, mas um criminoso comum, um assassino comum que está impune há 30 anos".
"Jamais desistiremos de procurar justiça para todas as vítimas da violência política e não nos deteremos em nossa luta enquanto assassinos do calibre de Cesare Battisti não pagarem sua dívida à Itália", concluiu a ministra Giorgia Meloni.
Por Folha