Estilo solitário afasta Dilma do PT
As intervenções do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo atual feriram o ego da presidente Dilma. O recibo de inabilidade política não agradou a presidente, que passou a tomar decisões de forma cada vez mais solitária para se afastar do espelho do antecessor. Embora tenha demorado para bater o martelo no caso Palocci, ela tentou demonstrar autonomia na escolha dos novos nomes de sua equipe.
No governo de transição, Dilma repartiu o bolo da Esplanada dos Ministérios após longas reuniões com os caciques de cada legenda aliada. Cinco meses depois de tomar posse, ela foi obrigada a fazer uma minirreforma ministerial - após a crise envolvendo Antonio Palocci e a falta de articulação política do governo em consequência da queda dele do poderoso posto de comandante da Casa Civil. Mas, desta vez, a presidente não levou em consideração nem mesmo a opinião do PT. O governo passou a ser menos do partido e mais da presidente.
Apesar do discurso oficial de que queria ouvir as sugestões do PMDB, o que Dilma fez foi comunicar aos caciques do partido a decisão tomada: chamou o vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pessoalmente no Palácio do Planalto apenas para avisá-los. Publicamente, quis passar a impressão de que a escolha foi feita por meio de uma "negociação". Mas, desde que Palocci ficou imobilizado pela crise que o derrubou, o diálogo se tornou mais raro no Executivo. Aparentemente, o quadro do PT não muda com o troca-troca de ministros: o partido mantém 17 dos 37 ministérios. Ainda assim, os petistas estão insatisfeitos com as decisões solitárias.
O PT vive uma disputa interna, principalmente na Câmara dos Deputados. A presidente tem evitado ao máximo entrar nessa rixa. E por isso mesmo não escolheu o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela coordenação política do governo, após a queda de Luiz Sérgio. Vaccarezza se envolveu em um conflito com as alas petistas ligadas ao deputado Arlindo Chinaglia (SP) e ao líder do partido na Casa, Paulo Teixeira (SP). O motivo é sempre o mesmo: disputa de poder. Na Câmara, a avaliação é de que a briga reforçou a escolha da presidente por Ideli.
Teimosia - A tentativa de demonstrar autonomia, aliás, marcou as últimas decisões da presidente. A bolsa de apostas fala em Paulo Bernardo e Miriam Belchior na Casa Civil? Dilma sai-se com a improvável Gleisi Hoffmann. O PT briga para emplacar Cândido Vaccarezza, Arlindo Chinaglia ou Pepe Vargas na articulação política? A presidente tira Ideli Salvatti da cartola. A imprensa e os aliados já dão como certa a queda de Luiz Sérgio? Pois Dilma dá um jeito de mantê-lo na equipe, comandando o desprestigiado Ministério da Pesca.
Sem interferir na briga do PT, a comandante acabou se afastando do partido. E escolheu para o primeiro escalão do governo mulheres com seu perfil. Todas as indicadas, que já têm o estilo "dilmista", tendem a adotar uma postura cada vez mais técnica. Gleisi e Ideli são petistas de carteirinha. Mas, assim como Dilma, devem passar a se preocupar mais com os programas de governo do que com a política partidária e com a distribuição de cargos e o loteamento de órgãos públicos - marcas da administração petista.
As bandeiras do governo e do PT são as mesmas – os petistas não deixarão de apostar no sucesso do recém-lançado programa Brasil sem Miséria, por exemplo. A questão é saber quem será o responsável por levar os objetivos do governo adiante, ou seja, quem terá o poder em mãos. “Não vou trocar o Código Florestal por cargos”, disse Dilma a um senador. A frase assustou os petistas e acendeu o sinal vermelho. Eles estavam acostumados com o estilo Lula de governar: farta distribuição de cargos em troca da aprovação de projetos emblemáticos e de importância para o país.
Embora a postura solitária de Dilma não tenha tido, até agora, nenhum impacto positivo no andamento do governo, os petistas vão mesmo ter de se adaptar. Até porque, de agora em diante, terão de engolir não mais uma, mas três “Dilmas” no Palácio do Planalto.
No governo de transição, Dilma repartiu o bolo da Esplanada dos Ministérios após longas reuniões com os caciques de cada legenda aliada. Cinco meses depois de tomar posse, ela foi obrigada a fazer uma minirreforma ministerial - após a crise envolvendo Antonio Palocci e a falta de articulação política do governo em consequência da queda dele do poderoso posto de comandante da Casa Civil. Mas, desta vez, a presidente não levou em consideração nem mesmo a opinião do PT. O governo passou a ser menos do partido e mais da presidente.
Apesar do discurso oficial de que queria ouvir as sugestões do PMDB, o que Dilma fez foi comunicar aos caciques do partido a decisão tomada: chamou o vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pessoalmente no Palácio do Planalto apenas para avisá-los. Publicamente, quis passar a impressão de que a escolha foi feita por meio de uma "negociação". Mas, desde que Palocci ficou imobilizado pela crise que o derrubou, o diálogo se tornou mais raro no Executivo. Aparentemente, o quadro do PT não muda com o troca-troca de ministros: o partido mantém 17 dos 37 ministérios. Ainda assim, os petistas estão insatisfeitos com as decisões solitárias.
O PT vive uma disputa interna, principalmente na Câmara dos Deputados. A presidente tem evitado ao máximo entrar nessa rixa. E por isso mesmo não escolheu o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela coordenação política do governo, após a queda de Luiz Sérgio. Vaccarezza se envolveu em um conflito com as alas petistas ligadas ao deputado Arlindo Chinaglia (SP) e ao líder do partido na Casa, Paulo Teixeira (SP). O motivo é sempre o mesmo: disputa de poder. Na Câmara, a avaliação é de que a briga reforçou a escolha da presidente por Ideli.
Teimosia - A tentativa de demonstrar autonomia, aliás, marcou as últimas decisões da presidente. A bolsa de apostas fala em Paulo Bernardo e Miriam Belchior na Casa Civil? Dilma sai-se com a improvável Gleisi Hoffmann. O PT briga para emplacar Cândido Vaccarezza, Arlindo Chinaglia ou Pepe Vargas na articulação política? A presidente tira Ideli Salvatti da cartola. A imprensa e os aliados já dão como certa a queda de Luiz Sérgio? Pois Dilma dá um jeito de mantê-lo na equipe, comandando o desprestigiado Ministério da Pesca.
Sem interferir na briga do PT, a comandante acabou se afastando do partido. E escolheu para o primeiro escalão do governo mulheres com seu perfil. Todas as indicadas, que já têm o estilo "dilmista", tendem a adotar uma postura cada vez mais técnica. Gleisi e Ideli são petistas de carteirinha. Mas, assim como Dilma, devem passar a se preocupar mais com os programas de governo do que com a política partidária e com a distribuição de cargos e o loteamento de órgãos públicos - marcas da administração petista.
As bandeiras do governo e do PT são as mesmas – os petistas não deixarão de apostar no sucesso do recém-lançado programa Brasil sem Miséria, por exemplo. A questão é saber quem será o responsável por levar os objetivos do governo adiante, ou seja, quem terá o poder em mãos. “Não vou trocar o Código Florestal por cargos”, disse Dilma a um senador. A frase assustou os petistas e acendeu o sinal vermelho. Eles estavam acostumados com o estilo Lula de governar: farta distribuição de cargos em troca da aprovação de projetos emblemáticos e de importância para o país.
Embora a postura solitária de Dilma não tenha tido, até agora, nenhum impacto positivo no andamento do governo, os petistas vão mesmo ter de se adaptar. Até porque, de agora em diante, terão de engolir não mais uma, mas três “Dilmas” no Palácio do Planalto.
Por Veja