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Dólar fecha a R$ 1,54, a menor taxa em 12 anos

A taxa de câmbio doméstica contrariou o roteiro previsto para hoje e o dólar comercial bateu um novo preço mínimo para este ano, em níveis equivalentes ao de janeiro de 1999.
No front doméstico, a moeda retrocedeu 0,64% no dia, sendo negociado por R$ 1,543 nas últimas operações. Em cinco dias consecutivos de retração, a taxa cambial já se desvalorizou 2,22%. Já o dólar turismo foi vendido por R$ 1,650 e comprado por R$ 1,480 nas casas de câmbio paulistas.
Operadores das mesas de corretoras de câmbio sugeriram que a oscilação abaixo de R$ 1,55 ( um "piso" sustentando por várias semanas) pode ter levado muitos agentes financeiros a se desfazer de suas "apostas" no dólar, acelerando o processo de desvalorização.
Em um cenário de maior aversão a risco, usualmente as Bolsas de Valores desabam e o dólar sobe, com a procura dos agentes financeiros por algum refúgio seguro.
O ouro é um dos exemplos mais vistosos desse comportamento: em meio ao impasse político nos EUA a respeito do teto da dívida federal, a cotação dessa commodity rompeu novos patamares históricos, acima dos US$ 1.600 a onça.
Outra "alternativa" para os agentes financeiros, a moeda europeia, oscilou modestamente, de US$ 1,4357 para US$ 1,4364, já que a economia do velho continente também enfrenta problemas tão ou mais graves que o gigante da economia mundial.
Além disso, hoje o Banco Central, por meio do boletim Focus, revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro ajustou para cima suas projeções para a inflação oficial: a variação prevista do IPCA de 2012 subiu de 5,20% para 5,28%. Para 2011, foi mantido o prognóstico de 6,31%.
Expectativas mais altas de inflação podem levar o Banco Central a apertar "o torniquete" da política monetária. E nesse cenário de juros ainda mais altos, a aplicação de divisas no país fica ainda mais atrativa para investidores estrangeiros.
 
'DE OLHO'
 
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em evento em São Paulo que "o governo continua olhando seriamente para o câmbio e sempre estaremos propensos a tomar medidas que impedirão que haja uma valorização excessiva da moeda brasileira".
Na sexta-feira passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou a jornalistas que o governo não deve tomar medidas no setor.
Mantega repetiu que as políticas expansionistas de economias avançadas têm acirrado a valorização da moeda brasileira, ampliando as fraquezas do país como a alta carga tributária.
"As políticas monetárias expansivas dos países avançados nos prejudicam porque colocam muita liquidez no mercado internacional, que vem bater às portas do Brasil", disse Mantega.
"O Q1 e o Q2 [programas de estímulos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos] colocaram muita liquidez no mercado... É um problema que só vai se atenuar quando houver recuperação da economia [dos EUA]."

Por Folha