Murdochs e Brooks afirmam que não sabiam dos grampos
Nesta terça-feira, o Parlamento britânico ouviu Rupert Murdoch -- proprietário do grupo de mídia News Corporation, que controlava o tabloide britânico "News of the World" --, James Murdoch -- filho de Rupert e presidente-executivo das operações internacionais da News Corp. --, e Rebekah Brooks -- ex-presidente-executiva do braço britânico do grupo que deixou o cargo sob pressão por seu suposto envolvimento com o escândalo de grampos telefônicos e compra de informações de policiais.
Os parlamentares queriam saber se os Murdochs e Brooks tinham conhecimento das práticas ilegais envolvendo o jornal. As revelações atingiram não apenas o conglomerado, que tem sua sede nos Estados Unidos, como a polícia e o governo britânico.
RESPONSABILIDADE
Os Murdochs passaram a maior parte das cerca de três horas de depoimento garantindo que não sabiam da extensão da prática em seus veículos e prometendo total cooperação com a investigação policial.
Rupert Murdoch disse ainda que tem milhares de pessoas trabalhando para ele em todo o mundo e que confia nelas para fazer seu melhor trabalho.
"Eu tenho 52 mil empregados, eu liderei por 57 anos e cometi meus erros. Eu liderei 200 jornais, de diferentes tamanhos, e segui diversas histórias de práticas errôneas", disse Murdoch.
Questionado sobre quem mentiu a ele, já que a prática era aparentemente comum em seu tabloide, ele disse: "Não sei. É isso que a polícia está investigando". "Os responsáveis são as pessoas em que confiei para que dirigissem o jornal", disse Murdoch, questionado se era o responsável pelo "fiasco" dos grampos.
James reiterou o argumento do pai e disse que, em uma empresa global como o império News Corporation, é comum que decisões sejam tomadas por executivos-chefes sem passar por Murdoch.
Brooks disse que a chefia da empresa só soube que os grampos ilegais ainda eram utilizados por jornalistas da publicação em dezembro de 2010, quando a atriz Sienna Miller denunciou ter sido vítima da prática.
"Foi a primeira vez que nós vimos documentos relacionados com os funcionários atuais. Nós agimos rapidamente e decisivamente. Um inquérito foi aberto em fevereiro de 2011 e nós assumimos responsabilidade", disse Brooks.
MILLY DOWLEY
Rupert Murdoch disse que ficou enojado com o caso.
"Em nenhum momento eu fiquei tão enojado como quando ouvi o que aconteceu com a família Dowley e nunca fiquei tão irritado quando soube que o "News of the World" teria causado isso", completou Murdoch, que chegou a pedir desculpas pessoalmente à família da menina Milly Dowley, sequestrada e assassinada.
Seu celular foi acessado por um detetive contratado pelo tabloide e algumas das mensagens foram apagadas, o que serviu de indicação para a família de que ela ainda estaria viva.
"Eu gostaria que eles soubessem o quando eu estou arrependido", disse Murdoch.
O chefe da News International, James Murdoch, disse que só descobriu sobre as denúncias de que o celular de Milly Dowley, 13, sequestrada e assassinada no Reino Unido, foi grampeado a pedido do tabloide "News of the World" quando foram publicadas pela imprensa.
"A terrivel instância das escutas ilegais no caso Dowley só veio à minha atenção quando foi publicado na imprensa há algumas semanas. Foi um choque total, eu fiquei consternado", disse James
Rebekah Brooks disse que ficou "chocada" ao saber que o celular da menina sequestrada e assassinada Milly Dowler tinha sido grampeado pelo detetive contratado pelo "News of the World".
"Eu acreditava que os jornais ingleses respeitavam a privacidade das famílias".
"Claramente, se as denúncias que vieram à tona há duas semanas forem verdadeiras, eu estava errada", afirmou a ex-editora do "News of the World", acrescentando que sua afirmação pode parecer ridícula, mas é verdadeira.
FIM DO NEWS OF THE WORLD
Murdoch disse ainda que não houve razões financeiras para fechar o "News of the World", jornal britânico de maior tiragem aos domingos. Há duas semanas, o tabloide teve sua última edição com uma capa "Obrigado e Adeus".
"Nós o fechamos porque estávamos envergonhados", disse Murdoch, que com seu filho fala ao Comitê de Cultura, Mídia e Esportes da Câmara dos Comuns.
Ao responder se a decisão de fechar o tabloide poderia ter sido evitado com a demissão de Brooks, Murdoch disse que as duas coisas não estão relacionadas.
Brooks disse que o fechamento foi uma decisão coletiva e não apenas do magnata Rupert Murdoch.
No depoimento na comissão do Parlamento britânico sobre as práticas de escutas ilegais realizadas pelo tabloide "News of the World", Brooks disse que a decisão foi tomada em uma reunião de diretoria.
"Fechar o jornal foi uma decisão coletiva. Acho que fizemos a coisa certa porque quando você perde a confiança dos leitores não há volta", afirmou Brooks.
NOVO TABLOIDE
O magnata da mídia Rupert Murdoch e seu filho James negaram, em depoimento no Parlamento britânico, que tenham planos de lançar um novo tabloide aos domingos após o fechamento do "News of the World", envolvido em escutas ilegais.
"Nós deixaremos as opções abertas. Esta não é a prioridade da empresa agora. A direção do meu pai e a minha direção é que não é o momento de seu preocupar com isso", disse James, reiterando que a prioridade é lidar com as denúncias.
NOVA INVESTIGAÇÃO
Rupert Murdoch foi questionado ainda se, caso encontrasse evidências de novas práticas ilegais em sua empresa, permitiria nova investigação.
Ele disse apenas que caberia à polícia fazer uma nova investigação.
Sobre as investigações do FBI (Polícia Federal americana) sobre possíveis grampos em vítimas dos atentados de 11 de Setembro, Murdoch disse que não há nenhuma evidência até o momento e que, se houver, agirá da mesma forma que agiu no Reino Unido.
BSkyB e PREMIÊ
Rebekah Brooks disse aos parlamentares britânicos, demonstrando dúvida e impaciência, que se encontrou com o premiê britânico, David Cameron, 26 vezes, mas nenhuma delas ocorreu na Downing Street, a residência oficial.
Ela negou que o relacionamento próximo tivesse a intenção de facilitar a compra da BSkyB, a maior provedora de TV paga britânica, pela News Corporation, de propriedade do magnata australiano Rupert Murdoch.
ACORDOS
Rupert Murdoch afirmou nesta terça-feira que não sabia dos acordos de milhares de libras feitos pelo "News of the World" com vítimas de suas reportagens.
Questionado pelos parlamentares britânicos, Murdoch disse que não foi alertado do acordo de 700 mil libras de sua empresa com Gordon Taylor, ex-chefe-executivo da Associação Profissional de Jogadores de Futebol.
Taylor foi uma das vítimas dos grampos ilegais e teria assinado o acordo em troca de não fazer declarações públicas sobre o caso.
O magnata reagiu tranquilamente ainda à ironia de um dos legisladores, que perguntou como o editor do tabloide não comenta com ele um acordo de centenas de milhares de libras.
"Ele me comentaria de algum resultado de futebol da semana", brincou Murdoch. "Mas não de um acordo milionário?", perguntou o legislador. "Não."
Murdoch disse ainda que não sabia do acordo de 600 mil libras com Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo.
Ele foi alvo de uma reportagem com vídeo e fotos do que o jornal classificou como "orgia sadomasoquista nazista".
Além do dirigente, as cenas - filmadas no bairro de Chelsea, em Londres - mostram cinco mulheres, todas prostitutas contratadas por Mosley, fazendo supostas referências nazistas. O inglês exerce, em trechos do vídeo, o papel de "comandante", torturando as mulheres, vestidas como prisioneiras.
As cenas repercutiram em todo o mundo e causaram reação imediata. Mosley divulgou uma carta em que assumia ter feito parte da orgia e pedindo desculpas pelo constrangimento. Ele negou, contudo, qualquer conotação nazista.
O filho do magnata explicou ainda que executivos como Rebekah Brooks tem orçamentos próprios e, desde que permaneçam dentro dele, podem fazer qualquer tipo de pagamento.
Ele disse ainda não saber o quanto a empresa já pagou em acordos judiciais e que é uma prática comum da News Corporation chegar a acordos judiciais para evitar julgamentos.
James reconheceu, contudo, que ficou surpreso em descobrir sobre alguns dos acordos.
RESPONSABILIDADE
Os Murdochs passaram a maior parte das cerca de três horas de depoimento garantindo que não sabiam da extensão da prática em seus veículos e prometendo total cooperação com a investigação policial.
Rupert Murdoch disse ainda que tem milhares de pessoas trabalhando para ele em todo o mundo e que confia nelas para fazer seu melhor trabalho.
"Eu tenho 52 mil empregados, eu liderei por 57 anos e cometi meus erros. Eu liderei 200 jornais, de diferentes tamanhos, e segui diversas histórias de práticas errôneas", disse Murdoch.
Questionado sobre quem mentiu a ele, já que a prática era aparentemente comum em seu tabloide, ele disse: "Não sei. É isso que a polícia está investigando". "Os responsáveis são as pessoas em que confiei para que dirigissem o jornal", disse Murdoch, questionado se era o responsável pelo "fiasco" dos grampos.
James reiterou o argumento do pai e disse que, em uma empresa global como o império News Corporation, é comum que decisões sejam tomadas por executivos-chefes sem passar por Murdoch.
Brooks disse que a chefia da empresa só soube que os grampos ilegais ainda eram utilizados por jornalistas da publicação em dezembro de 2010, quando a atriz Sienna Miller denunciou ter sido vítima da prática.
"Foi a primeira vez que nós vimos documentos relacionados com os funcionários atuais. Nós agimos rapidamente e decisivamente. Um inquérito foi aberto em fevereiro de 2011 e nós assumimos responsabilidade", disse Brooks.
MILLY DOWLEY
Rupert Murdoch disse que ficou enojado com o caso.
"Em nenhum momento eu fiquei tão enojado como quando ouvi o que aconteceu com a família Dowley e nunca fiquei tão irritado quando soube que o "News of the World" teria causado isso", completou Murdoch, que chegou a pedir desculpas pessoalmente à família da menina Milly Dowley, sequestrada e assassinada.
Seu celular foi acessado por um detetive contratado pelo tabloide e algumas das mensagens foram apagadas, o que serviu de indicação para a família de que ela ainda estaria viva.
"Eu gostaria que eles soubessem o quando eu estou arrependido", disse Murdoch.
O chefe da News International, James Murdoch, disse que só descobriu sobre as denúncias de que o celular de Milly Dowley, 13, sequestrada e assassinada no Reino Unido, foi grampeado a pedido do tabloide "News of the World" quando foram publicadas pela imprensa.
"A terrivel instância das escutas ilegais no caso Dowley só veio à minha atenção quando foi publicado na imprensa há algumas semanas. Foi um choque total, eu fiquei consternado", disse James
Rebekah Brooks disse que ficou "chocada" ao saber que o celular da menina sequestrada e assassinada Milly Dowler tinha sido grampeado pelo detetive contratado pelo "News of the World".
"Eu acreditava que os jornais ingleses respeitavam a privacidade das famílias".
"Claramente, se as denúncias que vieram à tona há duas semanas forem verdadeiras, eu estava errada", afirmou a ex-editora do "News of the World", acrescentando que sua afirmação pode parecer ridícula, mas é verdadeira.
FIM DO NEWS OF THE WORLD
Murdoch disse ainda que não houve razões financeiras para fechar o "News of the World", jornal britânico de maior tiragem aos domingos. Há duas semanas, o tabloide teve sua última edição com uma capa "Obrigado e Adeus".
"Nós o fechamos porque estávamos envergonhados", disse Murdoch, que com seu filho fala ao Comitê de Cultura, Mídia e Esportes da Câmara dos Comuns.
Ao responder se a decisão de fechar o tabloide poderia ter sido evitado com a demissão de Brooks, Murdoch disse que as duas coisas não estão relacionadas.
Brooks disse que o fechamento foi uma decisão coletiva e não apenas do magnata Rupert Murdoch.
No depoimento na comissão do Parlamento britânico sobre as práticas de escutas ilegais realizadas pelo tabloide "News of the World", Brooks disse que a decisão foi tomada em uma reunião de diretoria.
"Fechar o jornal foi uma decisão coletiva. Acho que fizemos a coisa certa porque quando você perde a confiança dos leitores não há volta", afirmou Brooks.
NOVO TABLOIDE
O magnata da mídia Rupert Murdoch e seu filho James negaram, em depoimento no Parlamento britânico, que tenham planos de lançar um novo tabloide aos domingos após o fechamento do "News of the World", envolvido em escutas ilegais.
"Nós deixaremos as opções abertas. Esta não é a prioridade da empresa agora. A direção do meu pai e a minha direção é que não é o momento de seu preocupar com isso", disse James, reiterando que a prioridade é lidar com as denúncias.
NOVA INVESTIGAÇÃO
Rupert Murdoch foi questionado ainda se, caso encontrasse evidências de novas práticas ilegais em sua empresa, permitiria nova investigação.
Ele disse apenas que caberia à polícia fazer uma nova investigação.
Sobre as investigações do FBI (Polícia Federal americana) sobre possíveis grampos em vítimas dos atentados de 11 de Setembro, Murdoch disse que não há nenhuma evidência até o momento e que, se houver, agirá da mesma forma que agiu no Reino Unido.
BSkyB e PREMIÊ
Rebekah Brooks disse aos parlamentares britânicos, demonstrando dúvida e impaciência, que se encontrou com o premiê britânico, David Cameron, 26 vezes, mas nenhuma delas ocorreu na Downing Street, a residência oficial.
Ela negou que o relacionamento próximo tivesse a intenção de facilitar a compra da BSkyB, a maior provedora de TV paga britânica, pela News Corporation, de propriedade do magnata australiano Rupert Murdoch.
ACORDOS
Rupert Murdoch afirmou nesta terça-feira que não sabia dos acordos de milhares de libras feitos pelo "News of the World" com vítimas de suas reportagens.
Questionado pelos parlamentares britânicos, Murdoch disse que não foi alertado do acordo de 700 mil libras de sua empresa com Gordon Taylor, ex-chefe-executivo da Associação Profissional de Jogadores de Futebol.
Taylor foi uma das vítimas dos grampos ilegais e teria assinado o acordo em troca de não fazer declarações públicas sobre o caso.
O magnata reagiu tranquilamente ainda à ironia de um dos legisladores, que perguntou como o editor do tabloide não comenta com ele um acordo de centenas de milhares de libras.
"Ele me comentaria de algum resultado de futebol da semana", brincou Murdoch. "Mas não de um acordo milionário?", perguntou o legislador. "Não."
Murdoch disse ainda que não sabia do acordo de 600 mil libras com Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo.
Ele foi alvo de uma reportagem com vídeo e fotos do que o jornal classificou como "orgia sadomasoquista nazista".
Além do dirigente, as cenas - filmadas no bairro de Chelsea, em Londres - mostram cinco mulheres, todas prostitutas contratadas por Mosley, fazendo supostas referências nazistas. O inglês exerce, em trechos do vídeo, o papel de "comandante", torturando as mulheres, vestidas como prisioneiras.
As cenas repercutiram em todo o mundo e causaram reação imediata. Mosley divulgou uma carta em que assumia ter feito parte da orgia e pedindo desculpas pelo constrangimento. Ele negou, contudo, qualquer conotação nazista.
O filho do magnata explicou ainda que executivos como Rebekah Brooks tem orçamentos próprios e, desde que permaneçam dentro dele, podem fazer qualquer tipo de pagamento.
Ele disse ainda não saber o quanto a empresa já pagou em acordos judiciais e que é uma prática comum da News Corporation chegar a acordos judiciais para evitar julgamentos.
James reconheceu, contudo, que ficou surpreso em descobrir sobre alguns dos acordos.
Por Folha


