|

Chefe da ONU estima em mais de 8.000 número de mortos na Síria

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, anunciou nesta quinta-feira que passou de 8.000 o número de mortos após um ano do conflito entre governo e manifestantes na Síria, e qualificou de "brutal" a repressão do regime do ditador Bashar al Assad. "O secretário-geral expressa sua solidariedade ao povo da Síria e às suas legítimas aspirações para conseguir dignidade, liberdade e justiça", afirmou Martin Nesirky, porta-voz do chefe da ONU, em comunicado que lembra o aniversário do início dos protestos.
Ban Ki-Moon afirmou também que é "urgente acabar com o ciclo de violência" que vive o país e a "brutal repressão que continua inalterável" às manifestações dos civis sírios, chamadas de pacíficas pelo secretário-geral.
Ele também lamentou que mais de 8.000 pessoas tenham morrido "como resultado da decisão do governo por apostar em uma repressão violenta, em vez do diálogo político pacífico e a mudança verdadeira".
Desde 28 de fevereiro, a ONU estimava em 7.500 o número de óbitos em decorrência da repressão de forças de segurança de Assad, mas havia dito que, devido à falta de informação, o número poderia ser maior. Organizações de opositores estimam que mais de 30 mil pessoas tenham perdido a vida no país desde março do ano passado.
 
PEDIDOS
 
Mais uma vez, o chefe da ONU pediu ao regime sírio que pare com as operações militares contra os civis e que evite "uma maior militarização do conflito". "A situação na síria é indefensável".
Ban Ki-Moon também voltou a pedir cooperação de Assad e dos opositores às negociações propostas pelo enviado especial da organização e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, que foram rejeitadas por ambos os lados nesta semana, para garantir uma solução pacífica ao conflito.
Em um ano de enfrentamentos na Síria, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar uma resolução contra o regime de Assad. Em ambas propostas, sendo a última em 4 de fevereiro, houve veto de Rússia e China.

TORTURA
 
No dia em que completa um ano da revolta, pelo menos 23 corpos com evidentes sinais de tortura foram descobertos perto de uma fazenda na cidade síria de Idlib (norte), indicaram os opositores Comitês de Coordenação Local.
O médico que examinou os corpos disse que tinham as mãos algemadas e os olhos vendados. A morte ocorreu por disparos na cabeça, mas todas as vítimas apresentavam sinais de espancamento.
Essa região do norte da Síria está sob controle das tropas do regime desde quarta (14), após a retirada dos rebeldes.
O "número 2" do ELS (Exército Livre Sírio), Malek Kurdi, explicou à agência de notícias Efe que as tropas de Bashar Al Assad entraram na quarta-feira em Idlib, lançando diversas operações e queimando os corpos dos mortos.
Os rebeldes do ELS, afirmou Kurdi, se encontram nos arredores da localidade e estão se preparando para travar novos combates contra o Exército sírio.
Ao menos 46 pessoas morreram nesta quinta-feira na Síria, sendo os 23 corpos encontrados e outros 14 mortos em Idlib, assim como cinco em Hama (centro), dois em Deraa (sul), um em Homs (centro) e outro em Aleppo (norte).
Por Folha