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CPI do Cachoeira é criada e aliados não sabem como agir

Os discursos de deputados e senadores durante a sessão de instalação da CPI do Cachoeira no Congresso, na manhã desta quinta-feira, 19, tornaram-se trocas de indiretas entre líderes da oposição e da base do governo. Parlamentares cobraram a convocação imediata do contraventor Carlinhos Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e petistas negaram que tenham a intenção de abrandar as investigações.
"A CPMI tem que começar ouvindo Carlos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres, Fernando Cavendish, (proprietário) da Delta, todos os senhores governadores citados", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). A CPI foi instalada com o apoio de 337 deputados e 72 senadores, número superior ao mínimo necessário de assinaturas, de 171 de deputados e 27 de senadores. Os trabalhos devem começar na próxima semana. Até lá, os líderes têm até a próxima terça-feira, 24, para indicar os integrantes da comissão, composta por 15 deputados e 15 senadores, com igual número de suplentes.
A formação foi um dos pontos de discussão durante a solenidade. "É preciso chamar atenção desde a largada para o que vai acontecer lá dentro. O cidadão que acompanha deve estar de olho bem aberto porque há desproporcionalidade na composição da CPI. É preciso ter preocupação de que essa CPI não acabe em pizza", disse o deputado ACM Neto (DEM-BA), ao lembrar que dos 30 membros, 7 serão da oposição e 23 com governistas. O líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), também comentou a composição: "Não pode ser a CPMI do empate estratégico. (Do tipo) ‘Não investigue os meus, que eu poupo os seus".
O deputado Jilmar Tatto (PT-SP) rebateu as críticas e argumentou que a proporcionalidade da composição segue o regimento do Congresso. "Não se preocupe, oposição. Aqui não tem caça às bruxas. A oposição está com dificuldade política, não é sem razão. Porque um dos principais líderes deles, o senador Demóstenes Torres, parece que foi pego. Não vai ter pizza. Mas é verdade que tem muita lenha do DEM queimando nessas maracutaias", disse. "Com muita serenidade, mas de forma criteriosa, nós vamos apurar. Vamos detectar como essa rede criminosa atuou em relação ao Executivo, ao Judiciário, ao Ministério Público, às empresas privadas, aos meios de comunicação", completou.
Do lado da oposição, líderes e parlamentares aproveitaram a sessão para resgatar a CPI dos Correios e o mensalão, cujos personagens que deverão ser relembrados durante a CPI do Cachoeira, como o (o ex-assessor de José Dirceu, Waldomiro Diniz. Entre os governistas, a estratégia foi mencionar o envolvimento do senador Demóstenes Torres, uma das principais vozes da oposição no Congresso.

Por Estadão