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Governo trabalha para evitar 'CPI midiática'

Após a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o próximo passo é a indicação dos 15 deputados e 15 senadores que irão participar das apurações. O governo tenta evitar que os escolhidos atuem de forma “midiática”. A lista deverá ser confirmada até as 19h30 da próxima terça-feira.
“Estamos pedindo uma postura sóbria. Pelo menos os do PT vão ser escolhidos por esse critério”, afirma o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele, porém, ressalta que o Palácio do Planalto não vai interferir nos trabalhos.
O PT deve ficar com o posto de relator da comissão. Os nomes mais cotados são os de Odair Cunha (PT-MG) e Henrique Fontana (PT-RS). “Eu não estou pedindo para ser relator”, diz Cunha, que é preferido pelo governo. “Ninguém falou comigo”, ressalta Fontana.
Ex-líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) tentou se posicionar para ser indicado relator. Ele, porém, é vetado pelo Planalto, sobretudo pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Vaccarezza, no entanto, encontra simpatizantes no PMDB, partido que deverá indicar o presidente da CPI. A missão caberá ao líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL). “Ainda não definimos o nome. Vamos fazer isso dentro do prazo (terça-feira).
A vaga ficará com um senador. Os nomes mais cotados são Romero Jucá (PMDB-RR) e Vital do Rêgo (PMDB-PB). O PMDB do Senado vai valorizar cada escolha. Para os integrantes do partido, a CPI é estratégica para a legenda se valorizar junto ao Planalto.
Ao término da sessão, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),qualificou como imaginativas as acusações de que o governo esteja tentado blindar-se na CPI. "Essa informação é uma imaginação. A CPI vai cumprir o papel de investigar as relações de Carlos Cachoeira", garantiu.
Segundo Maia, a CPI deve apurar as conexões do contraventor com os três Poderes, com a iniciativa privada e também com alguns setores da imprensa. Marco Maia não acredita que as investigações parlamentares, que devem durar pelo menos 180 dias, possam atrapalhar a pauta de votações da Câmara. Ele disse que a votação do Código Florestal está marcada para a próxima terça-feira e descartou a possibilidade de qualquer novo adiamento.
A mesma opinião tem a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para quem o andamento dos trabalhos no Executivo e no Legislativo não sofrerá com a instalação da CPI. "O governo tem orçamento aprovado. As políticas públicas se desenrolarão muito bem. Mas as medidas provisórias têm também um rito predefinido, que exige um ritmo do Congresso. Acredito, e os presidentes das Casas (Senado e Câmara) têm dito, que é possível compatibilizar as duas funções", comentou, durante o lançamento da Iniciativa Global para Transparência Fiscal (GIFT, na sigla em inglês).
A CPI criada nesta quinta-feira vai investigar as ligações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. O contraventor, preso em fevereiro pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal, é acusado de chefiar um esquema de jogo ilegal.
 
Oposição
 
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), já definiu os nomes da oposição que irão compor a CPI. Os tucanos e o DEM resolveram ceder dois lugares para integrantes de outros partidos: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
Apesar de ser filiado ao PMDB, Jarbas atua como oposicionista no Senado. “Resolvemos prestigiá-lo, já que ele não seria indicado pelo PMDB”, disse Alvaro Dias, que também será um dos integrantes da CPI.
Os demais nomes da oposição são: Aloysio Nunes (PSDB-SP), Jayme Campos (DEM-MT), Cunha Lima (PSDB-PB). Além dos seis senadores, seis deputados oposicionistas vão participar da CPI.

 Por iG