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Outra vez, chuva causa mortes na região serrana no Rio

A região serrana do Rio de Janeiro, que em janeiro de 2011 foi palco da maior tragédia natural da história do país e que em janeiro deste ano viu o desastre se repetir em escala menor, voltou a registrar mortes provocadas pela chuva pelos deslizamentos neste feriado de Páscoa. Pelo menos cinco pessoas morreram na noite de sexta-feira (6) e madrugada deste sábado (7) em Teresópolis.
A chuva foi impressionante. Em apenas quatro horas, choveu o esperado para todo o mês. O sistema de alerta criado em janeiro de 2011 após a tragédia emitiu alerta máximo. O sistema sonoro foi acionado em bairros onde havia maior risco de desabamentos. Moradores eram orientados a deixar seus imóveis e seguir para os pontos de apoio. Ainda assim, não foi possível evitar as mortes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, as mortes foram registradas nos bairros mais atingidos de Teresópolis. Um casal foi encontrado no Bom Retiro. Uma menina de 14 anos morreu no Quinta Lebrão. Outras duas mortes ocorreram em Santa Cecília e Pimentel.
A rodovia Rio-Teresópolis foi interditada nos dois sentidos por cerca de três horas durante a madrugada, por medida de precaução, devido ao risco de deslizamentos, mas já foi liberada. Em nota, a Secretaria de Estado da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros informou que o secretário Sérgio Simões seguiu na noite da sexta-feira para Teresópolis para acompanhar a situação.
Em janeiro de 2011, o governo Dilma Rousseff começou a investir em um sistema de prevenção e alertas à população, inexistente até então. Os trabalhos de prevenção são hoje concentrados no Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A estrutura do centro foi criada em junho e em dezembro começou a funcionar 24 horas por dia. Em janeiro deste ano, em entrevista a ÉPOCA, o climatologista Carlos Nobre, coordenador do Cemaden, afirmou que, até ali, o centro monitorava 56 municípios das regiões Sul e Sudeste. O pequeno número de municípios sob observação é explicado pela falta de recursos aplicados no início do projeto. Segundo Nobre, foi preciso fazer uma escolha. "Em vez de esperar comprar todo o equipamento, nós resolvemos iniciar as atividades com o material existente e, a partir daí, melhorar. Se já temos informações sobre algumas áreas de risco, começamos por elas", diz. Neste mês, diversos municípios do Nordeste devem receber o monitoramento para o período de chuvas esperado para as próximas semanas. O Cemaden só vai conseguiu monitorar o país inteiro, no entanto, em quatro anos.
De acordo com Nobre, a experiência internacional mostra que, com um sistema de alerta, em poucos anos se pode reduzir em até 80% o número de mortes. Esse sistema, entretanto, não resolverá todos os problemas do país. A ocupação irregular do solo, a falta de fiscalização por parte dos governos municipais, a preparação precária ou inexistente da população para eventos extremos e a fragilidade da Defesa Civil são fatores que ainda precisam de investimentos e ações duradouras. Só assim o Brasil será capaz de reduzir as tragédias que se repetem ano após ano.

Por Época