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CPI aprova quebra de sigilos da Delta em todo o país

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com autoridades e empresas aprovou nesta terça-feira a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da construtora Delta em todo o país.
Antes, a CPI havia aprovado a quebra dos sigilos apenas nos Estados da região Centro-Oeste, poupando a investigação sobre a empresa em outros Estados e sobre o presidente licenciado da construtora, Fernando Cavendish.
A Delta é suspeita de envolvimento em organização criminosa comandada por Cachoeira. A empresa é a que mais recebeu verbas do Orçamento do Executivo federal desde 2007. Um dos autores do requerimento, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), afirmou por meio de nota que, a partir dessa medida, a CPI poderá investigar a fundo a Delta, "não apenas no Centro-Oeste, como a comissão havia aprovado anteriormente, mas onde ela estiver".
Para Bueno, as contas da Delta estão todas contaminadas pelo esquema do contraventor Carlos Cachoeira. "É imprescindível abrir a caixa-preta da Delta nacional para que a CPMI consiga avançar nas suas investigações", afirmou.
Na votação, o PT e o PMDB racharam. Petistas apoiaram a votação, enquanto o PMDB foi contra. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) também acompanhou o PMDB e deu voto contrário.
No último dia 18, o petista foi flagrado enviando mensagem de texto ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sugerindo suposta blindagem na comissão. Cabral é amigo de Cavendish e está sob suspeita por conta das suas relações com o empresário.
 
GOVERNADORES

 A reunião da CPI, no entanto, foi encerrada antes de os parlamentares votarem pedidos de convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT) e do próprio Cabral.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que precisava de tempo para decidir sobre uma questão levantada pelo deputado Gladson Cameli (PP-AC) de que a CPI não tem poderes para convocar governadores e adiou a votação para a próxima semana. Na mira da CPI estão os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF).
Perillo foi à reunião da CPI nesta terça-feira se dispor a depor, mas o presidente da comissão descartou alegando que isso só poderia ocorrer após ele ser convidado ou convocado.
O presidente da CPI, porém, não consultou o plenário sobre a proposta de Perillo. Segundo a PF (Polícia Federal), o tucano pode ter recebido dinheiro do esquema de Cachoeira numa transação imobiliária investigada. A PF também afirma que o governo de Perillo foi loteado por pessoas indicadas por Cachoeira.
Os trabalhos da comissão foram interrompidos antes da votação de mais uma leva de requerimentos, incluindo a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefênico do governador de Goiás.
É regra na Casa que quando se iniciam os trabalhos no plenário, as comissões devem parar de funcionar.
A oposição promete incluir na pauta de amanhã requerimento quebrando os sigilos de Cabral e Agnelo, em retaliação a de Perillo.

Por Folha