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Justiça Federal manda soltar estudantes da Unifesp

Os estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que foram presos na noite desta quinta-feira (14) após entrarem em conflito com a PM durante protestos na universidade devem ser soltos ainda nesta noite.
De acordo com o Pedro Ivo Iokoi, advogado dos estudantes, um juiz da 1ª Vara Federal já expediu o alvará de soltura e um oficial de justiça deve buscar o documento para que os manifestantes sejam soltos nesta sexta-feira.
Eles foram detidos na noite de ontem no campus de Guarulhos, após uma manifestação que resultou em confronto entre estudantes e policiais militares. Eles pediam pelo fim da repressão e melhorias no campus da universidade. Três estudantes foram liberados por volta das 15h30.
Em coletiva na tarde desta sexta, a reitoria da Unifesp informou que abriu um processo administrativo para apurar de quem são as responsabilidades pela confusão.

CONFUSÃO

De acordo com nota da PM, professores e funcionários acionaram a polícia e afirmaram que os estudantes tentavam invadir o prédio "de forma violenta". Quando os policiais chegaram no local, foram recebidos com pedras e pedaços de madeiras.
Segundo estudantes da universidade, o grupo chegou a invadir o prédio por alguns minutos, mas saiu logo em seguida. Imagens divulgadas pela PF mostram as paredes do prédio da diretoria pichadas e os vidros quebrados.
Em nota, a Unifesp afirmou que os estudantes "intimidaram" o diretor acadêmico e professores que estavam no prédio e "depredarem as instalações do campus aos gritos de ocupação".
Dentre os 22 estudantes presos e indiciados, 14 deles já haviam sido detidos na PF no dia 6, quando aconteceu a reintegração de posse do campus da universidade. À época, eles assinaram um termo por desobediência a uma ordem judicial e foram liberados.
No dia 23 de março deste ano, os estudantes da Unifesp já haviam entrado em greve e, no dia 3 de maio, a reitoria foi ocupada. Oficiais de justiça, acompanhados de policiais militares e federais, cumpriram na semana passada a reintegração de posse.
De acordo com a PF, 30 pessoas que se encontravam no imóvel invadido e se recusaram sair foram encaminhadas à Superintendência da PF, onde foi lavrado um termo por desobediência à ordem judicial.
 
REIVINDICAÇÕES
 
Os manifestantes alegam que não há salas de aula suficientes, pedem ampliação do espaço da biblioteca, laboratórios de pesquisa e informática, moradia estudantil e creche para estudantes e funcionários, entre outras exigências.
Ainda segundo os estudantes, a reitoria está realizando uma série de atos para prejudicar o movimento, como o fechamento de espaços da universidade antes do horário previsto e a utilização do e-mail institucional para uma campanha contra os manifestantes.
No dia 25 de maio, a Folha esteve na universidade e encontrou salas de aula abafadas, refeitório improvisado num galpão de madeira e 30 mil livros encaixotados por não haver lugar onde colocá-los.
A falta de infraestrutura era tanta que parte dos 3.070 alunos da universidade federal eram obrigados a assistir às aulas numa escola municipal vizinha ao campus. Um edifício novo prometido desde 2007 nunca saiu do papel.
Quatorze salas do CEU (Centro de Ensino Unificado) do bairro de Pimentas estavam sendo usadas todos os dias, à tarde e à noite, por 500 estudantes da Unifesp de Guarulhos. No local, além de biblioteca, telecentro e piscinas, funciona uma escola de ensino infantil que atende 700 crianças. Estudantes diziam que o barulho causado pelas crianças impossibilitava as aulas.

 Por Folha