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CPI do Cachoeira quer reconvocar Perillo

Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam, neste sábado, a reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os parlamentares querem cobrar explicações sobre o "compromisso" firmado entre o governador e a Delta Construções, com a intermediação de Carlinhos Cachoeira, quando ele assumiu o cargo, no início do ano passado. O acerto, cujo teor está em relatório da Polícia Federal revelado neste sábado pela imprensa, inclui a liberação de dívidas milionárias da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.
O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira. O pagamento foi feito, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda da casa, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no final de fevereiro, foi legal. 
"São gravíssimos os fatos. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que garaniu que vai apresentar na segunda-feira o pedido para trazê-lo de volta à comissão e um requerimento para ler a íntegra do relatório da PF que foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que investiga o governador. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. "Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa", afirmou o deputado do PDT.

Extraordinária - Randolfe defende que a comissão faça uma sessão extraordinária na próxima semana para aprovar os requerimentos e tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto será possível ouvir o governador.
Com base em interceptações telefônicas e quebras de sigilo, a PF descobriu que Cachoeira, uma espécie de agente da Delta, se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil em móveis e decoração. Mas Cachoeira a demoveu, dizendo que ela iria ganhar um "carro zerinho".
Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.

Por Veja