|

Advogados de ex-deputados do PP dizem que mensalão não existiu

Os advogados de ex-deputados do Partido Progressista (PP) negaram a existência do mensalão e pediram a absolvição de seus clientes nesta quinta-feira (9), em mais um dia de julgamento da Ação Penal 450, o mensalão.
O julgamento começou com o depoimento do advogado do ex-diretor do Banco do Brasil. Após sua fala, foi a vez dos advogados de membros do PP, acusados de corrupção passiva - eles teriam recebido dinheiro do mensalão para votar junto com o PT no Congresso.
O advogado Marcelo Leal defendeu o ex-deputado do PP Pedro Corrêa. O advogado admitiu que o partido recebeu dinheiro do PT, mas disse que esses recursos não foram para comprar votos. "Era para um acordo de campanha politica entre os dois partidos", disse, argumentando que o recurso foi usado na campanha eleitoral de 2004, e não tinha nenhuma relação com votações no Congresso.
Marcelo Leal tentou destruir a tese do Ministério Público de que há coincidências entre os saques de dinheiro e as votações na Câmara. Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os pagamentos do mensalão foram feitos às vésperas e poucos dias depois de votações importantes no Congresso. "Não há relação entre os eventuais repasses feitos pelo PT com os resultados das votações em plenário. Está provado que o PP não recebeu para votar alinhado com o governo".
Em seguida, foi a vez da defesa de Pedro Henry, ex-líder do PP na Câmara. O advogado José Antonio Duarte Álvares criticou a acusação da procuradoria, dizendo que não há nada no relatório do procurador-geral que demonstre crime praticado pelo seu cliente, e que ele só foi citado por ter sido líder do PP. "Pedro Henry não teve individualizada sua conduta em qualquer momento, a não ser quando é proclamado líder de bancada".
O advogado disse que Pedro Henry participou de reuniões com o PT, mas que essas reuniões não envolviam questões financeiras, e que seu cliente não teve conhecimento de qualquer transação realizada pelo PP. "Os fatos concretos citados são absolutamente insuficientes para comprovar a prática do crime", disse.

Defesa diz que assessor só cumpriu ordens

Após a fala dos advogados dos ex-deputados, a defesa do ex-assessor parlamentar João Claudio Genú apresentou seus argumentos. Genú é acusado de repassar dinheiro do PT aos deputados do PP. O advogado Maurício Maranhão disse que Genú trabalhava apenas há 40 dias para o PP quando buscou recursos para o ex-deputado José Janene no Banco Rural. "Imagine se a pessoa há 40 dias contratada iria supor que havia algo de ilícito?", diz. Para o advogado, o pouco tempo de serviço de Genú ao PP é evidência suficiente para afastar a tese de que o ex-assessor tinha conhecimento de atos ilícitos. 

Defesa de Enivaldo Quadrado nega lavagem de dinheiro

O último advogado a falar foi Antônio de Moraes Pitombo, em nome de Enivaldo Quadrado. Enivaldo é acusado de lavagem de dinheiro - ele teria usado a empresa de consultoria Bônus Banval para pagar parlamentares do PP. Segundo o advogado, seu cliente não participou do esquema de lavagem de dinheiro. A tese dele é que o dinheiro de Marcos Valério já chegou "lavado" à consultoria, e portanto a empresa não pode ser acusada de lavagem de dinheiro. 

Por Época