Dia dos Homens, comemorado hoje, tem até o apoio de feminista
O que acontece com os maridos, namorados e afins, quando uma data importante como o Dia Internacional das Mulheres é esquecida? As moças ficam chateadas, fazem chantagem e reclamam que não dão a elas o devido valor. Mas alguém se lembra do Dia Internacional dos Homens?
Apesar de pouca gente saber e de não existirem grandes comemorações, eles também têm um dia em que são lembrados. No Brasil, este dia é exatamente hoje, 15 de julho. Mundialmente, a data comemorativa é o dia 19 de novembro, tendo inclusive o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
A criação da data foi proposta em 1999, pelo médico Jerome Teelucksingh, de Trinidad e Tobago, com o objetivo de alertar os homens para questões relacionadas à saúde. No Brasil, foi justamente a partir da década de 90 que os estudos sobre masculinidade ganharam força. Com as conquistas obtidas pelas mulheres e os questionamentos levantados pelo movimento feminista, os homens começaram a ter que repensar o papel que ocupariam na sociedade.
O aposentado Ananias Edson Carvalho, que até conceder a entrevista não tinha conhecimento da data, concorda com a comemoração. "Acho justo, já que existe o Dia Internacional da Mulher. É importante para reafirmar o papel do homem como líder da família e também como o pagador das despesas", brinca.
Desde que se aposentou há mais ou menos 15 anos, Ananias é responsável por ajudar sua mulher, que trabalha fora até hoje, com os serviços domésticos. Depois da aposentadoria, ele passou também a cuidar e a estar mais presente na vida de suas três filhas.
"Minha presença ajuda a minha esposa. Eu cozinho, lavo roupa e arrumo casa, sem deixar de ser homem. Faço as atividades domésticas numa boa, sem nenhum constrangimento", conta.
Mesmo prestativo em casa e fazendo as tarefas que grande parte da sociedade ainda considera como exclusivamente femininas, Ananias destaca uma superioridade masculina. "Talvez seja uma visão machista da minha parte, mas na minha opinião, a mulher é uma cooperadora e o homem é o representante da família".
Aposentado como militar do Exército, ele reforça ainda que não é de uma hora para a outra que esse pensamento da sociedade vai mudar.
Feminista de carteirinha apoia data
Ainda hoje são de fato consideráveis as diferenças entre os dois gêneros, que não abandonam as brincadeiras e implicâncias, e parecem estar presos para sempre no dilema de 'quem é o melhor'. Para a doutora em História e feminista de carteirinha Suely Gomes Costa, entre essas diferenças, uma das coisas que mais chamam a atenção é o cuidado feminino com a família.
"Quando uma mulher sai, mesmo que seja para passear, e ela sabe de um determinado vinho que o marido gosta ou de um remédio que o pai toma, por exemplo, (...) você vai ver essa mulher voltando para casa cheia de sacolas com coisas para a família. Este não é um comportamento que se nota entre os homens", observa. "A mulher assume naturalmente para si uma postura de mártir no cuidado com a família e, com o tempo, começa a se manifestar contra isso", afirma a historiadora.
Suely é uma das fundadoras do Núcleo de Pesquisas em História Cultural da Universidade Federal Fluminense (NUPECH UFF) e estudiosa na área de cultura e gênero. Ela conta que entrou para o movimento feminista nos anos 80, depois de ficar desempregada e de seu casamento ter entrado em crise por causa da dependência que passou a ter de seu companheiro.
"Por eu não estar trabalhando, a dominação que ele exercia sobre mim passou a ser muito maior e eu comecei a me dar conta disso", lembra. "Antes de isso começar a me afetar, eu me sentia amada pelo meu marido, querer uma presença maior minha dentro de casa e cobrar que eu trabalhasse menos. Todo o discurso feminista soava como um chororô".
É um equívoco, no entanto, quem ainda pensa que as feministas são só aquelas que pregam a imagem do homem dominador e da mulher como vítima. Segundo Suely, uma vez que a mulher começou a reafirmar seus direitos, passou a ocupar também a posição de dominadora, sem se notar como tal. Ela destaca ainda o papel que a mulher tem na dominação que sofre. “Somos também parte do processo de dominação, ou porque concordamos ou porque não tomamos nenhuma atitude para mudar a situação”.
A historiadora aprova a data comemorativa e reafirma a necessidade de os homens pensarem nos problemas que os afetam dentro da sociedade. “Acho qualquer iniciativa que sirva para alertar para as problemáticas dos homens, louvável”.
Por Jornal do Brasil
Apesar de pouca gente saber e de não existirem grandes comemorações, eles também têm um dia em que são lembrados. No Brasil, este dia é exatamente hoje, 15 de julho. Mundialmente, a data comemorativa é o dia 19 de novembro, tendo inclusive o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
A criação da data foi proposta em 1999, pelo médico Jerome Teelucksingh, de Trinidad e Tobago, com o objetivo de alertar os homens para questões relacionadas à saúde. No Brasil, foi justamente a partir da década de 90 que os estudos sobre masculinidade ganharam força. Com as conquistas obtidas pelas mulheres e os questionamentos levantados pelo movimento feminista, os homens começaram a ter que repensar o papel que ocupariam na sociedade.
O aposentado Ananias Edson Carvalho, que até conceder a entrevista não tinha conhecimento da data, concorda com a comemoração. "Acho justo, já que existe o Dia Internacional da Mulher. É importante para reafirmar o papel do homem como líder da família e também como o pagador das despesas", brinca.
Desde que se aposentou há mais ou menos 15 anos, Ananias é responsável por ajudar sua mulher, que trabalha fora até hoje, com os serviços domésticos. Depois da aposentadoria, ele passou também a cuidar e a estar mais presente na vida de suas três filhas.
"Minha presença ajuda a minha esposa. Eu cozinho, lavo roupa e arrumo casa, sem deixar de ser homem. Faço as atividades domésticas numa boa, sem nenhum constrangimento", conta.
Mesmo prestativo em casa e fazendo as tarefas que grande parte da sociedade ainda considera como exclusivamente femininas, Ananias destaca uma superioridade masculina. "Talvez seja uma visão machista da minha parte, mas na minha opinião, a mulher é uma cooperadora e o homem é o representante da família".
Aposentado como militar do Exército, ele reforça ainda que não é de uma hora para a outra que esse pensamento da sociedade vai mudar.
Feminista de carteirinha apoia data
Ainda hoje são de fato consideráveis as diferenças entre os dois gêneros, que não abandonam as brincadeiras e implicâncias, e parecem estar presos para sempre no dilema de 'quem é o melhor'. Para a doutora em História e feminista de carteirinha Suely Gomes Costa, entre essas diferenças, uma das coisas que mais chamam a atenção é o cuidado feminino com a família.
"Quando uma mulher sai, mesmo que seja para passear, e ela sabe de um determinado vinho que o marido gosta ou de um remédio que o pai toma, por exemplo, (...) você vai ver essa mulher voltando para casa cheia de sacolas com coisas para a família. Este não é um comportamento que se nota entre os homens", observa. "A mulher assume naturalmente para si uma postura de mártir no cuidado com a família e, com o tempo, começa a se manifestar contra isso", afirma a historiadora.
Suely é uma das fundadoras do Núcleo de Pesquisas em História Cultural da Universidade Federal Fluminense (NUPECH UFF) e estudiosa na área de cultura e gênero. Ela conta que entrou para o movimento feminista nos anos 80, depois de ficar desempregada e de seu casamento ter entrado em crise por causa da dependência que passou a ter de seu companheiro.
"Por eu não estar trabalhando, a dominação que ele exercia sobre mim passou a ser muito maior e eu comecei a me dar conta disso", lembra. "Antes de isso começar a me afetar, eu me sentia amada pelo meu marido, querer uma presença maior minha dentro de casa e cobrar que eu trabalhasse menos. Todo o discurso feminista soava como um chororô".
É um equívoco, no entanto, quem ainda pensa que as feministas são só aquelas que pregam a imagem do homem dominador e da mulher como vítima. Segundo Suely, uma vez que a mulher começou a reafirmar seus direitos, passou a ocupar também a posição de dominadora, sem se notar como tal. Ela destaca ainda o papel que a mulher tem na dominação que sofre. “Somos também parte do processo de dominação, ou porque concordamos ou porque não tomamos nenhuma atitude para mudar a situação”.
A historiadora aprova a data comemorativa e reafirma a necessidade de os homens pensarem nos problemas que os afetam dentro da sociedade. “Acho qualquer iniciativa que sirva para alertar para as problemáticas dos homens, louvável”.
Por Jornal do Brasil