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Na trilha do Deltaduto, o caminho para o caixa dois

Vasculhando as movimentações financeiras da Delta nacional, integrantes da CPI mista do Cachoeira acreditam ter encontrado o início do “Deltaduto” alimentado pelas relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em duas contas da empreiteira de Fernando Cavendish em agências bancárias no Rio de Janeiro, a CPI identificou repasses da ordem de cerca de 38 milhões de reais para empresas de fachada do esquema do bicheiro.
Em 31 operações no HSBC e no Bradesco, por exemplo, foram 25 milhões de reais repassados à Alberto & Pantoja Construções. Em outras 21 operações bancárias, a Brava Construções recebeu 13 milhões de reais. Seguindo o dinheiro que saiu da Delta para as contas dessas duas empresas de fachada, a CPI chegou a outras 29 empresas que se alimentaram do duto. Descobrir o rumo do dinheiro a partir das contas bancárias dessa rede de empresas é a tarefa prioritária da CPI para chegar os beneficiários do esquema.
Os parlamentares querem encontrar evidências que confirmem a tese segundo a qual Cachoeira, com sua teia de relações, alimentava os cofres da Delta como seu sócio oculto, a empreiteira irrigava as contas das empresas de fachada de Cachoeira, que por sua vez tornavam a repassar o dinheiro para uma infinidade de outras empresas e personagens do esquema.
As movimentações financeiras da Delta obtidas pela CPI dizem respeito a apenas dez meses (no período entre 8 de junho de 2010 e 29 de abril de 2011) de operações bancárias. Os 38 milhões de reais são, portanto, uma pequena parte de toda a bilionária movimentação financeira que pode ter sido transferida para contas de empresas de fachada do bicheiro.
Os integrantes da CPI acreditam que as contas da Alberto & Pantoja Construções, da Brava Construções e de outras duas empresas de fachada de Cachoeira tenham recebido recursos. E é essa suspeita que provoca tanto medo nos políticos em Brasília. O dinheiro repassado pela Delta às empresas fantasmas de Cachoeira foi parar aonde? Empresas que receberam pagamentos do esquema doaram dinheiro a campanha de políticos?
A investigação da Polícia Federal já mostrou que Demóstenes Torres recebeu cerca de 32 000 reais de doação de campanha, em 2010, do Auto Posto T 10. O posto de gasolina, por sua vez, recebeu cerca de 98 000 reais das empresas de Cachoeira.
Marconi Perillo ganhou doação de 450 000 reais da Rio Vermelho Distribuidora na última campanha. A empresa recebeu 60 000 reais da Alberto & Pantoja, que também repassou 150 000 reais a empresa Midway Internacional Labs, doadora de campanha de Sandes Júnior: 300 000 reais.
Quebrar os sigilos dessa rede de empresas virou tarefa principal de um grupo de parlamentares que tenta chegar à ponta da rede do bicheiro. O requerimento com a lista de sigilos a serem quebrados será apresentado por Randolfe Rodrigues nesta tarde.

Por Veja