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Advogados de ex-sócios de Marcos Valério negam participação no mensalão

Terminou na tarde desta terça-feira (7) mais um dia de julgamento da Ação Penal 470, o mensalão. Nesta tarde foram ouvidos os advogados de quatro réus ligados ao publicitário Marcos Valério, além do representante da ex-presidente do Banco Rural, Kátia Rabello.
Os ex-sócios de Marcos Valério são acusados de participar de um esquema de desvio de verbas, por meio de empréstimos falsos no Banco Rural, na empresa de publicidade SMP&B. O dinheiro teria sido utilizado para comprar votos no Congresso. 
Todos os advogados negaram as ilegalidades e pediram a absolvição de seus clientes. Confira abaixo um resumo da defesa dos acusados nesta terça.

Defesa de Rogério Tolentino admite caixa 2

O advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva, defensor de Rogério Tolentino, ironizou o Ministério Público, e disse que a acusação criou um roteiro "digno de novela das oito". O advogado, no entanto, admitiu a prática de "caixa 2" por parte de seu cliente.
O advogado seguiu a estratégia de Delúbio Soares e Marcos Valério. Na segunda-feira, os advogados dos dois réus também admitiram operar um esquema de caixa 2, mas negaram mensalão. Hoje, o advogado de Tolentino disse que seu cliente recebeu R$ 1,4 milhão em caixa 2, "muito antes de aparecer o mensalão". "Ele me contou que recebia honorários da SMP&B no famoso caixa 2 e não contabilizava".
Paulo Abreu negou a existência de lavagem de dinheiro e disse que seu cliente já foi pego pela Receita Federal e pagou multa por ter sonegado imposto.

Defesa de Geiza Dias argumenta que ré apenas cumpriu ordens

O advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva também defendeu Geiza Dias, ex-funcionária de Marcos Valério. Geize é acusada de preencher os cheques entregues aos parlamentares para comprar votos. O advogado sustentou que Geiza era "uma funcionária mequetrefe, de terceiro ou quarto escalão", e que apenas cumpriu ordens, sem intenção criminosa. "Ela não possuia qualquer poder de decisão ou de autonomia na agência, nem nenhuma relação com a direção da empresa". 

Defesa de Cristiano de Mello Paz nega envolvimento

O advogado Castellar Modesto Guimarães Filho falou em nome de Cristiano de Mello Paz. A defesa de Cristiano se apoiou no trabalho dele como publicitário. Segundo o advogado, a função de Cristiano foi sempre na área de criação, e ele não se envolvia nas decisões financeiras da SMP&B. 
O advogado também questionou a acusação da Procuradoria-geral. Segundo ele, a acusação não menciona em nenhum momento atuação ou comportamento individual de Cristiano. "Não houve por parte do Ministério Público sequer uma pergunta a qualquer uma das testemunhas ouvidas em relação do comportamento sobre Cristiano Paz para que buscasse fundamentar a acusação que é feita a ele".
A tese do advogado é que Cristiano está sendo acusado apenas pelo fato de ter sido sócio de Marcos Valério. A mesma defesa foi utilizada pelo advogado de Ramon Hollerbach, outro sócio de Valério.

Defesa de Simone Vasconcelos admite uso do carro-forte

O advogado Leonardo Yarochewsky foi o terceiro a falar, e apresentou a defesa de Simone Vasconcelos, que era funcionária da SMP&B na época do escândalo. Simone era diretora financeira da empresa de publicidade, e assinou contratos com o Banco Rural e repassou dinheiro para parlamentares.
Segundo o advogado, Simone era apenas uma funcionária e não tinha autonomia para tomar decisões financeiras na empresa. O advogado também sustentou que os réus não podem ser condenados apenas pelo cargo que ocupavam. "O que mais se faz nesse processo é culpar pessoas pelo cargo que ocupava, ou porque ocupava cargo em determinado banco, ou em determinado partido, ou em determinada agência de publicidade". 
O advogado confirmou a acusação de que ela teria pedido um carro-forte para transportar dinheiro do Banco Rural para a agência de publicidade. Segundo o advogado, Simone acreditava que os empréstimos eram legais, e portanto justificavam o uso do carro-forte. 

Defesa de Kátia Rabello nega lavagem de dinheiro

O advogado José Carlos Dias defendeu Kátia Rabello, que foi presidente do Banco Rural na época do mensalão. Segundo a acusação da Procuradoria-geral da República, Kátia repassou R$ 32 milhões do Banco Rural para a agência de Marcos Valério. Ela teria entrado no esquema na expectativa de conseguir a liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, que poderia render bilhões.
O advogado negou o interesse de Kátia Rabello na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, e disse que o Banco Rural foi "vítima de sua própria transparência". Isso porque o banco teria informado todas as operações de saques acima de R$ 100 mil para as autoridades financeiras. José Carlos Dias negou a existência de práticas de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e crimes contra a administração pública no banco, e alegou que os empréstimos do Banco Rural para Valério não foram fictícios e ocorreram dentro da legalidade.

Por Época