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Círio une mais de dois milhões na fé pela Virgem

Nem o cansaço provocado pela intensa maratona de procissões faz esmorecer a fé dos romeiros e a vontade de render homenagens à Nossa Senhora de Nazaré. Cinco já se passaram desde o início da programação, sendo quatro concentradas em um só dia, neste sábado (8), mas eles têm um anseio ainda maior: acompanhar o Círio, que é o ápice da maior festa religiosa do mundo e que deve reunir mais de dois milhões de pessoas em torno da Imagem Peregrina. De todos os cantos do Brasil e do mundo, os romeiros se únem em um mar de fé pela Virgem de Nazaré, neste domingo (9). A procissão está programada para começar às 6h30 da manhã, mas desde às 5h eles acompanham a missa, celebrada por Dom Alberto Taveira, na Igreja da Sé, na Cidade Velha. A previsão de chegada na Basílica Santuário é para às 12h30.
A cada ano cresce o número de fiéis que acompanham a principal procissão do calendário oficial da festa. Estudos do Dieese no Pará (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em conjunto com a Igreja e Diretoria da Festa, apontam uma expectativa de mais de 2 milhões de fiéis nas ruas da capital paraense neste domingo. Ao longo dos 3,600 km entre a Catedral e a Basílica Santuário, a Imagem Peregrina recebe novamente dezenas de homenagens, assim como nas demais procissões da festividade. São queimas de fogos, balões, papel picado ou simplesmente a reverência dos romeiros.
A procissão tem muitos ícones que a eternizaram como a Corda, o Manto, a Berlinda e os Carros de Milagre, onde fiéis depositam suas esperanças através de objetos de cera, como promessa por graças alcançadas. Este ano, a Igreja criou uma campanha pelo não corte da corda antes do Colégio Santa Catarina, também orientando os fiéis a não levarem nenhum objeto cortante para garantir sua própria segrança.

Maratona - Mas antes de acompanhar a principal procissão da festa, os romeiros enfrentaram uma verdadeira maratona de procissões, seja por terra ou rio. A programação começou na sexta-feira (7), com o Traslado da Imagem para Ananindeua. Este sábado (8) concentrou quatro procissões, desde as primeiras horas do dia até a madrugada do domingo (9). Ao todo, foram 100 quilômetros e cerca de 22 horas de louvor à Virgem, o que mostra cada vez mais o crescimento dessa devoção, como ressalta o coordenador do Dieese, Roberto Sena. 'Essa maratona exige muito esforço, muita vontade, mas o que movimenta tudo isso é a fé. O que pudemos constatar é que, nos mais de vinte anos que trabalhamos com esses números do Círio, mesmo quando houve muitas dificuldades financeiras, parece que é nesse momento que as pessoas mais vêm ao Círio', comenta.
O coordenador do Dieese, também adianta, em primeira mão ao Portal ORM, o que chamou de 'o surgimento de mais uma procissão', com o crescimento no número de fiéis que acompanham o transporte do Carros de Milagres para o galpão da CDP, ainda na quarta-feira que antecede as procissões. 'Além do crescimento das romarias nazarenas, podemos observar que, em qualquer lugar onde houver alguma coisa ligada à Virgem, lá sempre vai haver um grande número de pessoas e isso, do ponto de vista da evangelização, é fantástico', comenta.
Na tarde do sábado (8), 1,3 milhões de fiéis se juntaram à procissão luminosa da Trasladação, que tem as mesmas características do Círio, exceto pela ausência do Carro de Milagres que leva objetos de cera dos promesseiros. Antes de sair às ruas, eles participaram de uma missa celebrada por Dom Alberto Taveira em um altar instalado em frente ao Colégio Gentil Bittencourt. A missa começou às 16h30 e durou cerca de uma hora, mas houve um pequeno atraso na saída da procissão, que só iniciou dez minutos antes das 18h, mas que não ofuscou o brilho da caminhada.
Durante a missa, Dom Taveira reforçou o tema do 219º Círio: 'Fazei tudo o que ele vos disser', em sua homilia. 'Peço a nosso Senhor que, no dia de hoje, quando celebramos esta missa que antecede a Trasladação, que acolhamos na simplicidade da nossa vida, o chamado do Senhor', disse o Arcebispo. O Arcebispo também ressaltou que não há espectadores no Círio, mas sim coadjuvantes. 'O Círio não se assiste, ninguém é espectador, todos somos atores e atrizes, nós participamos dele', disse.
Após a missa deu-se início à procissão luminosa pelas ruas da capital, em direção à Catedral Metropolitana de Belém, passando pela Avenida Nazaré, Avenida Presidente Vargas, Avenida Boulevard Castilho França, Avenida Portugal, Praça do Relógio até a chegar à Igreja da Sé, na Cidade Velha, por volta das 23h10. Nos 3,750 km, a Imagem Peregrina recebeu muitas homenagens.
Caminhando junto com a Berlinda milhões de histórias de devoção e amor a padroeira dos paraenses. Entre elas, Daniele de Nazaré, de 27 anos, que além de levar o nome de sua Santa, tem nela a fé e confiança. 'Meu noivo e eu estamos quase conseguindo a nossa casa própria, então trouxemos essa casa de miriti para agradecer a todas as graças que Nazaré vem nos dando nesse ano', revela ela que fez a promessa para conseguir superar as dificuldades para constituir sua família.
Além de Daniele, Rodrigo de Sousa, 25 anos, carregava uma réplica da imagem da Santa. Para ele, não há nenhum promessa a pagar e sim, a intenção é mostrar sua total devoção a Nazaré, que vem lhe protegendo desde criança. 'Venho na Trasladação desde os meus 13 anos, e é por essa proteção que ela me proporciona, que venho todos os anos com a imagem de Nazaré. Não tem emoção maior, do que está tão perto da minha Santa', frisa Rodrigo.
A Diretoria da Festa avaliou positivamente as primeiras procissões da festa. 'Tudo ocorreu dentro do previsto, sem nenhum incidente e esperamos que isso se repita no domingo', disse o diretor de procissões, Kléber Vieira.
 
Por Portal ORM